Luiz Gushiken
Roosevelt Pinheiro / Ag. Brasil

Enquanto as diversas correntes petistas se articulam para o Processo de Eleições Diretas (PED), que escolherá a nova direção do PT, dirigentes envolvidos no escândalo do mensalão prestam depoimentos às CPIs no Congresso. José Genoíno, ex-presidente do PT, foi ouvido na CPI do Mensalão nesta terça-feira, dia 13 de setembro. No dia seguinte, na CPI dos Correios, foi a vez do ex-ministro da extinta Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), Luiz Gushiken, falar.

Mantendo o estilo “Delúbio” de depor, os petistas silenciaram sobre fatos incriminadores e negaram, como de praxe, as denúncias de mensalão. Genoíno foi pouco convincente. Negou a existência do mensalão e isentou Lula e até mesmo José Dirceu de qualquer responsabilidade. O ex-presidente do PT limitou-se a culpar o ex-tesoureiro da legenda, Delúbio Soares, por qualquer irregularidade. Negou também que tivesse relações com Marcos Valério ou que o PT possuísse conta no exterior.

Gushiken: relações estreitas com fundos de pensão
Neste dia 14, o ex-todo poderoso ministro Luiz Gushiken, hoje rebaixado como secretário do recém-fundado Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, falou à CPI dos Correios. Nada disse. Gushiken negou as denúncias de que exerce influência na gestão dos fundos de pensão, acusados de envolvimento no “valerioduto”, esquema de desvios de recursos públicos para financiar o PT e o mensalão.

No entanto, o ex-ministro admitiu que o governo comete um “excesso de gastos” em marketing federal. Gushiken afirmou que sua gestão à frente da Secom “economizou” recursos ao centralizar as verbas de publicidade. Segundo ele, o atual governo criou um comitê único de discussão entre estatais, municípios e agências, com uma única conta de publicidade. Ao tentar defender sua gestão, Gushiken na verdade confessa a centralização das contas de publicidade na Secom, condição fundamental para que o governo pilhasse o erário público e controlasse a mídia através da publicidade oficial.

Gushiken não explicou as altas verbas oficiais recebidas pela revista Investidor Institucional, de seu cunhado. Admitiu também ter “relações estreitas” com os fundos de pensão, mantendo relacionamento próximo com os dirigentes dos fundos.

No próximo dia 21 de setembro o banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Oportunity, depõe na CPI dos Correios. Dantas, ligado ao PSDB e PFL, disputa com o PT o controle de fundos de pensão e ameaça fazer revelações que incriminariam ainda mais o governo Lula.

Outro que será ouvido, desta vez em sessão secreta, é Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula e um dos poucos no PT de quem o presidente declara-se amigo. Gilberto é acusado de envolvimento no esquema de corrupção nas prefeituras do PT e teria levado pessoalmente malas de dinheiro do esquema de Santo André para o ex-ministro José Dirceu.