“Se um atentado terrorista, inclusive os que conseguem seu “objetivo”, provoca confusão entre a classe dirigente, depende das circunstâncias políticas concretas. De toda forma, esta confusão sempre dura pouco; o estado capitalista não se sustenta sobre os ministros do governo e não pode ser eliminado com eles. As classes a que servem sempre encontrarão quem os substitua; a maquina seguirá intacta e continuará funcionando.

Mas a desordem que um atentado terrorista provoca entre as massas operárias é mais profunda (…).

Se um dedal de pólvora e um pouco de chumbo bastam para atravessar a garganta do inimigo e o matar, por que é necessária uma organização de classe? Se tiver sentido aterrorizar os mais altos personagens mediante o estampido das bombas, é necessário um partido? Para que valem os atos, a agitação entre as massas (…).

No nosso entender, o terror individual é inadmissível precisamente porque desvaloriza o papel das massas e da sua própria consciência, fazendo com que elas se resignem diante de sua impotência e voltem seus olhares para um herói vingador e libertador que esperam chegar um dia para cumprir sua missão. (…).

Mas a confusão se evapora como o fumo, o pânico desaparece, e um novo ministro ocupa o lugar do assassinado, a vida volta a sua rotina e a roda da exploração capitalista segue girando como antes; somente a repressão policial se torna mais selvagem, segura de si mesma, impudica. E, em conseqüência, a desilusão e a apatia substitui as esperanças e a excitação que artificialmente havia despertado.”

Post author Leon Trotsky,
“Por que os Marxistas são contrários ao terrorismo individual”, 1911.
Publication Date