Redação

Ao invés de se preocupar com os donos das empreiteiras, o governo Dilma tem que se preocupar com os trabalhadores

Apesar da resistência da presidente Dilma Rousseff (PT), finalmente a direção da Petrobras está caindo. No entanto, a saída que aponta é a nomeação de um alto burocrata de confiança do governo para manter as coisas mais ou menos da mesma maneira. Isto é, continuam a corrupção política e o privilégio as grandes empreiteiras.

Segundo assessores presidenciais, há três nomes em pauta. O ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante defende a indicação do presidente da Vale, Murilo Ferreira; o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defende um nome do mercado financeiro, entre eles: Paulo Leme, da Goldman Sachs, Henrique Meirelles e Aldemir Bendine, do Banco do Brasil. Meirelles tem o apoio de Lula e Graça Foster, por sua vez, defende um nome que já esteja no Conselho de Administração da estatal, como o de Luciano Coutinho (BNDES).

Toda a direção da empresa, com Graça Foster à frente, já deveria ter sido demitida por seu envolvimento nas maracutaias da administração da estatal. Mas a saída para essa crise não é nenhuma política de governança ou a nomeação de gente ligada ao capital financeiro, e sim a convocação de eleições diretas para a direção da empresa, feita entre os trabalhadores, com o objetivo de redirecionar o objetivo da estatal para beneficiar o patrimônio nacional e a população brasileira.

A vergonhosa história de roubalheira, fraude e corrupção que vem a público com a Operação “Lava Jato” somente pode ser explicada pelo constante processo de privatização e desinvestimento que a estatal vem sofrendo. Privatização que ocorre pela venda das ações da empresa para o capital privado, inclusive na Bolsa de Nova York, e através dos leilões realizados por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), continuados por Lula e Dilma.

Por isso, é fundamental que a maior estatal do Brasil seja controlada pelos petroleiros da Petrobras, das empresas privadas terceirizadas, e por toda população brasileira, e que esta esteja à frente do restabelecimento do patrimônio nacional através da restituição de uma Petrobras 100% estatal e a volta do monopólio estatal do petróleo.

Empresas do Lava Jato podem demitir 100 mil
Além de tudo isso, todas as empreiteiras envolvidas nos processos de corrupção devem ser estatizadas com seu patrimônio confiscado pelo Estado, de maneira a garantir a estabilidade no emprego de todos os seus funcionários e que estes passem a ser funcionários diretos da nova estatal, com todos os direitos e medidas de segurança do trabalho.

Em menos de dois meses, os consórcios formados pelas empresas envolvidas na operação Lava Jato demitiram mais de 12 mil trabalhadores em todo o Brasil, segundo balanços das centrais sindicais.

Até março, o governo trabalha com a estimativa de que 100 mil trabalhadores possam perder o emprego devido às dificuldades econômicas dessas empresas. Essas companhias já não conseguem mais financiamentos para rodar seus negócios.

A situação é grave. De um dia para o outro, centenas de trabalhadores ficam sem emprego e sem dinheiro, muitos não recebem a indenização da rescisão e estão em sérias dificuldades financeiras.

Os piores casos são verificados na Refinaria Abreu e Lima e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), dois megaempreendimentos da Petrobras que envolvem centenas de contratos com empreiteiras. Mas as demissões também atingem projetos no Rio Grande do Sul e Bahia.

Sem crédito no mercado e com o caixa debilitado pela falta de pagamento da estatal, que também não tem reconhecido aditivos bilionários das contratadas, as construtoras começaram a atrasar salários e a demitir.

A campeã é a Alumini (ex-Alusa), que pediu recuperação judicial na quinta-feira. Na Refinaria Abreu e Lima, demitiu 5 mil funcionários, pagando apenas 58% do valor da rescisão. No Comperj, sem nem mesmo ônibus ou satisfação, o canteiro da Alusa Engenharia puxou uma paralisação, semana passada, com seus 2400 operários que estão sem receber desde novembro.

Nas obras da refinaria Abreu de Lima, a Engevix demitiu 700 funcionários e, por enquanto, eles só receberam o FGTS. Na Galvão, apenas 60% dos mil demitidos receberam. No consórcio Coeg, formado pelas empresas Conduto e Egesa, 500 funcionários foram mandados embora e 337 ainda não receberam a indenização. A Engevix afirmou que, como as demissões ocorreram em dezembro, nem todos os processos foram concluídos.

Em Macaé (RJ), conhecida como a “capital do petróleo”, a situação também é crítica. O Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil (Sinditob), informou que foram homologadas na região cerca de 2 mil demissões nos últimos seis meses. As empresas que estão demitindo são a Brasdrill Perfurações, a Paragon Offshore e a Transocean.

No Rio Grande do Sul, a indústria naval está sendo afetada. Uma das empresas investigadas, a Iesa Óleo e Gás, em crise financeira e com executivos presos pela Polícia Federal, avisou que vai demitir cerca de mil funcionários que tem na unidade de Charqueadas. Fabricante de cascos de plataformas para a estatal, a Ecovix, controlada pela Engevix, outro alvo da Lava Jato, também já fala em redução de custos. No estaleiro Paraguaçu, na Bahia, o número de empregados despencou de 4.200 para 840. Acabou a matéria-prima. Não pagaram os fornecedores.

O governo Dilma tem que se preocupar é com os trabalhadores e não com os donos das empreiteiras, por isso estatizar estas empresas sem indenização para garantir o emprego de todos é o que deve ser feito.