`TraçadoOs objetivos imediatos da Petrobras na Bolívia – e também da espanhola Repsol – é ampliar os contratos para poder exportar gás para a Argentina, o México e os EUA. Os atuais 4 milhões de metros cúbicos diários concedidos a essas empresas passariam para 30 milhões durante os próximos 20 anos. E essa venda, segundo o projeto do governo boliviano, seguiria os mesmos parâmetros tributários que regem hoje a atividade hidrocarbonífera na Bolívia: 18% de impostos para o Estado e o resto para as empresas que participam do negócio.

Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras, com a área recém-descoberta de gás natural na região da bacia de Santos, o Brasil poderia deixar de comprar o gás que adquire anualmente da Bolívia. O Brasil consome 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia e a produção em Santos pode chegar a 60 milhões. Para isso, o governo teria de investir pelo menos US$ 2,5 bilhões para desenvolver as pesquisas na região. Ou seja, no negócio com a Bolívia não se está pautando nem sequer o interesse nacional. O governo se nega a investir em infra-estrutura no país, que poderia gerar empregos e diminuir nossa dependência externa na questão energética, porque mantém os compromissos da dívida.

O referendo é um instrumento para viabilizar que as multinacionais como a Repsol, a British Gas e a nossa Petrobras possam exportar gás para outros mercados. Ou seja, o governo usa a Petrobras para defender os interesse das multinacionais na Bolívia.

Lula participou até de uma reunião com o presidente boliviano no início de julho para dar seu apoio ao referendo. Na verdade, isso refletia o temor de que um resultado negativo no referendo pudesse aumentar a tributação sobre a importação do gás, dos atuais 33% para 50%. No último mês, protestos se dirigiam contra a Petrobras, na Bolívia, exigindo a anulação dos contratos de concessão em San Alberto, uma das maiores reservas de gás natural do país.

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