A restauração não se expressou na volta da velha burguesia gusana [1] de Miami, mas no domínio cada vez maior de sua economia por parte dos imperialismos europeus, especialmente o espanhol, e do canadense, em ramos centrais como o turismo e o comércio, com uma dinâmica cada vez mais semicolonial.

No setor de turismo, o que mais contribui ao país com rendimentos em dólares, quase a metade dos quartos disponíveis são administrados por empresas estrangeiras, com forte peso espanhol, por meio dos grupos Sol-Meliá e Barceló.

Na mineração de níquel e cobalto (Cuba ocupa o primeiro e segundo lugar mundial em reservas, respectivamente), a empresa cubano-canadense Metalúrgica de Moa, com participação da multinacional Sherritt, controla 40% da exportação total do níquel.

No setor petroleiro, abriu-se a exploração de áreas no Golfo do México para Repsol-YPF, Petrobras, Ocean Rig (Noruega) e Sherritt Gordon (Canadá). Na construção, começam a ter peso os capitais israelenses que, por meio da empresa Waknine e Beresousky, também controlam 68% da comercialização de cítricos e sucos. O mesmo ocorre nas tradicionais produções de fumo e rum. A principal produtora de charutos de Cuba vendeu 50% à Altadis, hoje parte do grupo inglês Imperial Tobacco, e a empresa fabricante do famoso rum Havana Club passou a ser controlada pelo grupo francês Pernod-Ricard.

Portanto, hoje Cuba não está isolada comercialmente e, pelo contrário, recebe investimentos de todo o resto do mundo.

Na verdade, houve um período inicial em que, devido à expropriação da burguesia, o imperialismo tratou Cuba como sua inimiga, fez tentativas de invasões como a da Baía dos Porcos, planejou atentados e construiu um forte bloqueio político e comercial. Mas, a partir dos anos 80 e 90, com as aberturas ao mercado e depois a restauração do capitalismo, cada vez mais setores do próprio imperialismo passaram a fazer comércio e investir em Cuba, em especial o imperialismo europeu.

Somente os EUA mantêm um bloqueio comercial, em função da burguesia gusana que tem força dentro do país e que exige a manutenção do bloqueio para garantir a recuperação de seus bens. No entanto, cada vez mais setores da burguesia ianque querem liberdade para poder investir e comercializar com Cuba e não perder para seus competidores essas oportunidades. Por isso, os EUA já estão hoje entre os cinco maiores sócios comerciais de Cuba.

Post author Uma publicação da LIT-QI
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