Governo boliviano impõe salário de fome enquanto empresários dobram seus lucrosPassados pouco mais de um ano de governo Evo Morales, pouca coisa mudou na vida dos trabalhadores da Bolívia. Dados oficiais do governo mostram que renda dos trabalhadores continua caindo. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatísticas), os trabalhadores do setor privado perderam 9,26 % dos seus salários. Já os trabalhadores do setor público tiveram uma perda de 4% nos últimos dois anos.

As condições de trabalhado são as piores possíveis. Cerca de três milhões de bolivianos trabalham na economia informal, enfrentando condições miseráveis e sem nenhuma seguridade social, estando à margem da legislação trabalhistas. Apenas 900 mil trabalhadores do país estão na economia formal e outros 300 mil estão desempregados.

O salário mínimo dos trabalhadores bolivianos é de US$ 62 (500 bolivianos) por mês. Recentemente, o governo Morales deu um ridículo aumento de três dólares (25 bolivianos) para o salário mínimo. “Com esse salário mínimo não se pode viver. Na sua campanha eleitoral, o Presidente disse que elevaria o valor para 1.500 bolivianos, mas ele não cumpriu isso”, denúncia Pedro Montes, secretário geral da COB (Central Obrera Boliviana).

A COB realizou uma campanha exigindo um salário mínimo de 1.800 bolivianos e ainda exigiu que o Estado garantisse uma cesta básica de 6.700 pesos bolivianos, suficiente para uma família de cinco pessoas, segundo a Central.
Mas enquanto os trabalhadores continuam amargando o arrocho salarial e a miséria, os empresários do país aproveitam a situação de bonança. Nos últimos dois anos, os lucros dos empresários – oficialmente declarados – quase duplicaram, alcançando um crescimento de 85,6 % segundo os dados do Vice-ministério de Política Tributária do Ministério da Fazenda.

O lucro liquido dos banqueiros e dos donos de agências financeiras na Bolívia também cresceu. Só em 2006 os lucros atingiram US$ 77,6 milhões, um número “sem precedentes históricos nas últimas décadas”, segundo a Superintendia dos Bancos e entidade Financeiras.

Estado rico,povo pobre
No último ano, segundo dados do Ministério da Fazenda da Bolívia, houve uma duplicação dos ingressos tributários e fiscais no Estado boliviano. Em 2004 o Estado recebia pelo gás US$ 287 milhões, em 2005 a arrecadação subiu para US$ 608 milhões. No ano passado o Estado obteve US$ 1,352 bilhões em ingressos fiscais. Para este ano a previsão é uma arrecadação de US$ 2 bilhões.

Contudo, isso não se reverteu em melhoria dos serviços públicos (saúde e educação), contratação de mais funcionários pelo Estado, ou aumento dos salários dos servidores – que também tiveram um ridículo aumento de 6%. “Se vende mais gás e está entrando mais dinheiro, em alguns casos de dobrou e se triplicou o ingresso fiscal. Mais para nos isso é somente um discurso, o dinheiro do gás não chega ao bolso dos trabalhadores”, disse o secretário executivo da COB.

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