O Opinião Socialista visitou a ocupação da USP e conversou com Ellen Ruiz e Gabriel Casoni, da juventude do PSTU e estudantes da universidade. Eles falaram sobre o início do movimento e os próximos rumos da ocupação que se tornou uma referência nacional de luta.

Opinião Socialista – Como vem evoluindo a ocupação da reitoria?
Ellen Ruiz – A ocupação tomou fôlego e incendiou o movimento estudantil na USP. Ela parte inicialmente dos decretos, mas pega também a questão dos funcionários e professores. Os estudantes têm também suas reivindicações. Os cursos que tradicionalmente não aderem passaram a se engajar mais. A última assembléia dos professores contou com 300 docentes, colocando como item principal da pauta a luta contra os decretos. E os funcionários adiantaram sua greve. Os estudantes também têm suas lutas específicas, principalmente a questão da moradia e a infra-estrutura de alguns prédios. Mas o movimento ganhou tanta força que o caráter da ocupação passou a ser essencialmente político, contra os decretos e também contra os sucessivos cortes de verbas que as três universidades paulistas vêm sofrendo.
Fale um pouco sobre a ameaça permanente e o terrorismo psicológico que a ocupação sofre.

Gabriel Casoni – O movimento tem se sustentado principalmente pelo fato de o apoio ter crescido. Não só entre os estudantes, mas também entre os professores e funcionários, e na própria sociedade como um todo. O coronel da PM e da tropa de choque já blefou duas vezes. Para eles, é ruim que a reitoria continue ocupada por tanto tempo. Mas é muito complicado também mandarem a tropa de choque para dentro da universidade, o que não acontece desde a ditadura. O movimento estudantil já definiu que vai resistir.

E o DCE?
Ellen – O DCE, quando surgiu a proposta de ocupar a reitoria, foi contra. Em nenhum momento mobilizou os estudantes. Depois, a entidade divulgou uma nota defendendo a desocupação e se retirou. Na última assembléia, que contou com 2 mil estudantes, não permitiram ao DCE compor a mesa e propuseram a destituição da entidade. Existe uma articulação entre os CA’s e os estudantes que estão na ocupação para que se discuta a convocação de um congresso extraordinário para destituir o DCE. Essa entidade hoje é rechaçada no movimento. Essa postura ocorre porque parte do DCE, composto pelo PT, PCdoB e MR8 (corrente interna do PMDB), estava contra a ocupação.

O outro grupo que compõe a direção da entidade era contra a ocupação por princípio, pois é da direita, que representa o setor mais atrasado da universidade.

Ontem (23) foi um dia nacional de luta. Qual foi a repercussão na ocupação?
Gabriel – Boa parte das pessoas participou do ato ontem, em unidade com o funcionalismo, não só contra os decretos do governo Serra mas também contra as reformas que estão colocadas pelo governo Lula. No ato do dia 23 foi bem interessante porque a ocupação se tornou referência para grande parte dos movimentos, tanto para os movimentos sociais, quanto para os sindicatos.

Como fazer para construir uma saída vitoriosa para a ocupação?
Ellen – O principal objetivo do movimento estudantil é construir uma greve unificada das três estaduais mais a Fatec, dos três setores. Isso já está acontecendo. A luta contra os decretos só será vitoriosa com um grande movimento das três estaduais. A ocupação hoje é o símbolo de luta para as estuduais e até mesmo nacionalmente, impulsionado o movimento nas universidades em todo o país.
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