Aparentemente, existe tranquilidade no país. No mundo, os jornais anunciam a recuperação da economia. No Brasil, segundo o governo, a crise veio, mas já se foi. Lula garante que, este ano, o país vai continuar a crescer.

Trata-se de mais um engano. No coração do imperialismo norte-americano, a crise da indústria é brutal. A Chrysler já está em concordata, e a GM poderá entrar nessa situação a qualquer momento. No Brasil, os dados divulgados sobre a indústria no primeiro trimestre de 2009 desmentem essa campanha.

A produção caiu 14,7% em relação a igual período em 2008. Mesmo a indústria automobilística, a principal face da suposta recuperação, teve uma queda em abril. Os efeitos da redução do IPI já se esgotaram, e as vendas caíram 13,7% em abril deste ano. A produção também caiu 6,9% no mesmo período. Nos quatro primeiros meses deste ano, a queda na produção de automóveis foi de 16,4% em relação a 2008.

A tendência da economia internacional é que a crise se agrave. Infelizmente, o Brasil não escapará. Os fatos indicam que o país já está em recessão desde o final do ano passado. Até as entidades da patronal já confirmam isso. Menos o governo.

A previsão de Lula de crescimento neste ano é mais uma farsa, semelhante à “marolinha” de antes. Tem o mesmo valor das declarações dos parlamentares sobre a ética no Congresso. Falam em transparência e dedicação aos interesses públicos enquanto viajam a passeio com suas esposas e namoradas para Paris com passagens pagas por nós.

Os operários devem olhar bem a sua volta. Os sinais de desemprego estão crescendo em todos os lados. É preciso encarar a realidade. Em todas as cidades, em todos os bairros de trabalhadores, na maioria das famílias se observam desempregados.

O governo Lula não vai impedir a crise. O que ele está fazendo, na realidade, é ajudar de todas as formas possíveis as grandes empresas, com redução de impostos e aumento no financiamento. Em nenhum momento, definiu uma política a favor dos trabalhadores, como a estabilidade no emprego.

Novas sacudidas
Agora estamos diante de fatos que podem provocar fortes sacudidas no país. A Vale está para demitir milhares de operários, o que pode gerar uma mobilização de maior importância ainda do que a da Embraer. A mineradora lucrou R$ 21,3 bilhões só em 2008 e tem em caixa, segundo a própria empresa, US$ 15 bilhões. Apesar disso, está se preparando para demitir milhares de trabalhadores que deram tudo de si para a empresa.

A GM, nos EUA, está à beira da concordata e poderá vender suas fábricas na América Latina, incluindo as brasileiras. Isso também seria prenúncio de novas demissões.

Até agora a ofensiva da patronal encontrou o movimento operário desprevenido, inseguro para sair à luta. O agravamento da crise que está se preparando vai colocar mais uma vez em cena o movimento operário. É preciso apoiar cada uma de suas lutas.

Além disso, a Conlutas lançou um abaixo-assinado em todo o país que trata de diversos temas, mas tem como primeira reivindicação a de que o governo decrete a estabilidade no emprego. É preciso que todos os militantes, todas as entidades do movimento operário, sindical e estudantil se incorporem ao abaixo-assinado para viabilizá-lo.

O abaixo-assinado é uma forma de levar a discussão para a base e preparara a luta. A hora é essa. Vamos levar o abaixo-assinado para todas as nossas bases e vamos preparar a luta.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 377
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