Correio InternacionalEssa proposta de luta unificada deve ser feita tanto ao conjunto dos trabalhadores, como às direções sindicais e políticas do movimento de massas.

Mas é correto fazer um chamado desse tipo às direções que contribuem para dividir e desmoralizar a classe operária e, em muitos casos, continuam aceitando acordos de perdas de direitos, freando as lutas – ou, quando estas aparecem, isolando-as das demais?

É evidente que essas burocracias são um obstáculo ao desenvolvimento de uma luta contundente contra os ataques e, muito mais, para que a classe operária possa dar uma resposta de fundo.

Contudo, ainda que eles controlem os aparatos sindicais e as organizações com peso de massas – e nesse sentido dirigem a maioria dos trabalhadores -, não há como impulsionar uma mobilização massiva sem uma política de exigência às suas direções para que rompam seus acordos com os governos e empresas e se coloquem à frente dos verdadeiros planos de lutas nacionais.

Se esse chamado à mobilização unitária é aceito, como ocorreu, por exemplo, com várias centrais sindicais no Brasil, no dia 30 de março, ou com as recentes greves gerais na França, a luta e a confiança do conjunto da classe operária saem fortalecidas. Isso é assim porque muitos trabalhadores, diante da magnitude do inimigo a enfrentar, têm muitas dúvidas das possibilidades de vitória numa luta isolada. Uma luta nacional unificada, entretanto, oferece desde o começo uma perspectiva maior de vitória.

Desta forma, pode ser aberta uma dinâmica superior de mobilização que, cedo ou tarde, superará os limites de até onde as burocracias estavam dispostas a chegar. Mas, se o chamado não é aceito, a negativa contribuirá para a experiência dos trabalhadores com essas direções.

Em ambos os casos, trata-se de uma política imprescindível para fortalecer uma resposta de luta de acordo com a situação e os ataques. E assim avançar em direção a uma verdadeira organização democrática e de luta dos trabalhadores, que se fortaleça como alternativa às burocracias e seus aparatos, como começa a ser construída pela Conlutas no Brasil, o Elac (Encontro Latino-Americano e Caribenho de Trabalhadores) na América Latina e no Caribe e outras experiências em diversas partes do mundo.

O chamado foi enviado a sindicatos, comissões de fábrica e trabalhadores metalúrgicos de todo o mundo. Além disso, Vivaldo Moreira, presidente do sindicato de São José dos Campos e trabalhador da GM, visitou a planta dessa empresa na Argentina e várias outras fábricas no país. Outros dirigentes viajaram para o Equador e a Venezuela.

O chamado já começou a ter algumas respostas positivas. Na Argentina, um plenário convocado pela regional Villa Constitución, da Unión Obrera UOM, onde estiveram presente mais de 500 representantes de diversas associações e instituições (incluindo importantes dirigentes nacionais da Central de Trabalhadores Argentinos), aprovou, no marco de uma resolução geral sobre a crise econômica, o “apoio incondicional a todos os trabalhadores que estão lutando no mundo todo e um apoio fraternal aos companheiros da GM de São José dos Campos que estavam no plenário”.

Na Itália, os representantes da CUB (quarta central sindical em importância no país) na Fiat responderam com “total acordo” com a “proposta de organizar uma reunião internacional para discutir a situação da indústria automotiva e decidir por iniciativas em comum. Só resta, então, organizar a reunião”.

São os primeiros passos de um caminho necessário e imperioso. A gravíssima crise econômica internacional e os duríssimos ataques dos governos e das empresas tornam mais urgente que nunca o chamado feito há mais de 160 anos no Manifesto Comunista: “Proletários do mundo todo, uni-vos!”.

Post author
Publication Date