Um dia após o primeiro bombardeio americano ao Iraque, uma pesquisa de opinião apontava o apoio a guerra de três em cada quatro americanos. O que nos parece inexplicável, tem contornos bem claros no solo americano.

“God bless ours solders“. Em português, Deus proteja nossos soldados“. Essa frase encontrei em um papel, escrita por minha sobrinha Sarah, de 14 anos. Há uma campanha no país: “God bless ours solders“. Pelo menos 75% da população deve encampa-la.
O discurso do presidente George W. Bush ao anunciar a guerra para milhões de pessoas em todo o mundo foi um atentado ao bom senso. Aqui, nos Estados Unidos, este discurso conta com a credibilidade da maioria da população. “A todos os homens e mulheres das forcas armadas americanas dos Estados Unidos que estão agora no Oriente Médio, a paz de um mundo tumultuado e a esperanca de um povo oprimido agora depende de vocês. A confianca está bem colocada“, disse Bush.

Os que defendem a guerra realmente creêm que estão libertando o povo iraquiano da opressão. Entretanto, nao levam em consideração a autonomia daquele país e defendem sua capacidade e autoridade de intervenção em qualquer lugar, ainda que sobrepondo-se as organizações mundiais as quais referendam. Ao assistir pela TV uma manifestação em Washington contra a guerra, L.H, 23 anos, comentou: “Eu queria ver se essas pessoas que estão em frente a Casa Branca estariam lá gritando se vivessem sob a tirania de Saddam Hussein“. Acrescentou, ainda: “Chamam Bush de assassino, mas esses cartazes deveriam ser para Saddam“.

Outro fator relevante para levar a maioria do povo a apoiar a guerra é o medo dos atentados terroristas. O 11 de setembro exerce forte poder sobre o imaginário deste povo. Desde entao o sentimento de patriotismo americano ganhou contornos exagerados. Há bandeirinhas americanas em carros e nas portas de diversas casas. Vivem com medo de um novo atentado, agora, representado por Saddam Hussein, cujas armas químicas devem ser destruídas.

Os noticiários da TV mostram a cada explosão no Iraque uma vitória americana. Ao horror das imagens dos bombardeios em Bagdá, T.H., 71 anos, afirma: “Estão destruindo a cidade, mas vão reconstrui-la“, ignorando a dor, as mortes, a angústia e o sofrimento de um povo.