É preciso construir atos independentes dos patrões e do governo Lula contra os ataques aos salários e direitosTodas as organizações e movimentos de mulheres, centrais sindicais e sindicatos precisam somar forças para lutar contra as demissões e contra a redução dos salários e de direitos das trabalhadoras e trabalhadores, para cobrar do governo federal medidas concretas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras.

Enquanto os patrões demitem em massa, o governo corta verbas da saúde, da educação, das políticas públicas de combate à violência contra as mulheres e da construção de creches. É possível conquistar vitórias. Aí está o exemplo da Embraer, que demitiu 4.200 trabalhadores. Com a força da luta, o sindicato e os trabalhadores conseguiram reverter até o momento as demissões.

O governo Lula, desde o início da crise, mostrou que está do lado dos patrões contra os trabalhadores. No ano passado, editou uma medida provisória liberando mais de R$ 160 bilhões para salvar os banqueiros, mas até agora não tomou nenhuma medida para impedir as demissões e a redução salarial.

A luta tem que ser classista
A opressão é usada para dividir a classe e fazer com que um setor – os homens – tenha a falsa impressão de ser superior. Assim, o capitalismo consegue extrair mais lucro dos oprimidos, colocando-os como inferiores e superexplorando-os por essa razão. É por isso que nós da Conlutas acreditamos que não é possível lutar contra a opressão sem lutar contra o capitalismo. Da mesma forma, não haverá emancipação dos trabalhadores sem combater a opressão.

A Marcha Mundial de Mulheres (MMM), comprometida com o governo e a CUT, durante anos disse às trabalhadoras que a luta das mulheres era apenas de gênero, contra os homens. Nunca deixou claro que a raiz dos problemas das mulheres está na exploração que elas vivem. Logo, as mulheres burguesas, mesmo que oprimidas, não serão capazes de acabar com o machismo porque não vão combater o capitalismo que as sustenta. Por outro lado, os homens trabalhadores são aliados das mulheres trabalhadoras na luta por um mundo igualitário de verdade.

A MMM defende palavras-de-ordem genéricas, que não combatem as verdadeiras causas da opressão. Este ano, o eixo da MMM em São Paulo é “Nós não vamos pagar por esta crise! Mulheres livres, povos soberanos!”. Está correto, mas é insuficiente, pois a MMM, em momento algum, diz quem são os responsáveis pela crise – os patrões e o governo Lula – e como atacá-la. Em outros lugares, sequer fala na crise.

Neste momento em que a classe trabalhadora precisa se preparar para enfrentar os duros golpes que os patrões e o governo vão desferir, não podemos compactuar com isso. A Conlutas, comprometida com a luta contra os ataques, chama a MMM a construir um 8 de Março das trabalhadoras, que diga a elas quem são os verdadeiros culpados pela crise e que só lutando será possível barrar o desemprego e a miséria.

É hora de construir a unidade para derrotar os ataques, sem fazer concessões. A luta das mulheres é uma luta de toda a classe trabalhadora contra a burguesia. Temos de dizer não à redução de salários, aos programas de demissões voluntárias, às licenças-remuneradas e outras medidas que não garantem o emprego.

Post author Janaína Rodrigues, do Movimento Mulheres em Luta da Conlutas
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