É preciso articular uma resposta política nacional contra a brutal ofensiva patronal a partir do início da crise econômica. A luta pela reintegração dos operários da Embraer já é um símbolo para os trabalhadores de todo o país. A Conlutas, por seu lado, além de apoiar o desenvolvimento da luta da Embraer, está chamando a uma mobilização nacional contra o desemprego no dia 1° de abril.

Todos os setores do movimento sindical, estudantil e popular devem se comprometer a fazer nesse dia a primeira grande mobilização contra as demissões.

A crise econômica internacional chegou com toda força no Brasil. O governo insiste em querer minimizar a crise. Lula falou de uma marolinha no passado. Agora, seus ministros anunciam que o pior já passou e que já começou uma recuperação da economia.

A dura realidade das demissões desmente o governo. Desde dezembro, cerca de um milhão de trabalhadores perderam seu emprego no país. A suposta recuperação industrial de janeiro é uma fábula. A produção de automóveis teve uma queda de 24,1% nos dois primeiros meses de 2009 em relação ao mesmo período do ano passado. Mas como houve uma pequena subida perante os dados de dezembro (quando a indústria parou), os defensores do governo aproveitaram para falar em recuperação. É mais uma das mentiras do governo, que vai se chocar com a realidade.

Por outro lado, diante da crise, o governo Lula está desenvolvendo uma política claramente a serviço do grande capital, mas com a preocupação de evitar se chocar diretamente com o movimento operário.

Está sendo assim com a Embraer. O governo recebeu a direção da Embraer e nem sequer solicitou a revisão das demissões. Só recebeu os trabalhadores e a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos porque eles foram em caravana para a frente do Palácio do Planalto exigir a reunião. Durante a conversa, Lula falou que estava torcendo para que as demissões continuassem suspensas pela Justiça.

O presidente está fazendo um jogo de esconde-esconde. O governo detém cerca de 20% das ações da empresa e tem poder de veto sobre as demissões, mas fala como se não pudesse impedi-las. Como se a responsabilidade das demissões fosse unicamente da direção da empresa.

O governo tampouco respondeu à reivindicação dos trabalhadores de reestatização da fábrica sob controle dos trabalhadores. A privatização surge agora aos olhos dos trabalhadores com seu verdadeiro significado. Enquanto a fábrica deu altos lucros, seus atuais donos se apropriaram de uma gigantesca parte do capital. Quando veio a crise, demitiram quase 25% da fábrica.

A reestatização da Embraer é a única forma de evitar que a fábrica continue rendendo lucros para uma minoria e o desespero para a maioria. É também a maneira de torná-la de novo uma empresa nacional, já que a maioria de suas ações pertence hoje ao capital estrangeiro.

A luta da Embraer é fundamental, mas é preciso unificá-la com as outras mobilizações que existem no país. Na semana passada, os petroleiros viveram uma greve e estão pensando em parar novamente no dia 1° de abril. Existem propostas de que os trabalhadores dos Correios façam o mesmo. O movimento estudantil poderá sair às ruas para protestar contra as altas taxas nas universidades privadas e o sucateamento das públicas.

Por este motivo, a Conlutas e a Intersindical estão convocando uma grande mobilização, com paralisações e atos de rua, para o dia 1º de abril. A Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) também está convocando a mobilização. É fundamental que todos os sindicatos, entidades populares e estudantis se incorporem a esta mobilização. Vamos fazer um grande 1º de abril para exigir o fim das demissões, sem redução de direitos e salários. Vamos reivindicar de Lula a estabilidade no emprego e a reestatização da Embraer.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 369
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