A maioria dos trabalhadores brasileiros está disposta a reeleger Lula em outubro. A consciência média destes trabalhadores é que Lula “veio de baixo e se preocupa com os pobres”. As pequenas concessões feitas pelo governo até aqui (como o reajuste do salário mínimo e o Bolsa Família) alimentam a expectativa de que “ele agora fez pouco, mas se o elegermos novamente, poderá fazer muito para os trabalhadores”.

Em edições anteriores do Opinião Socialista já demonstramos como estas concessões do governo são mínimas e não mudam em nada a situação social do país. Queremos agora dedicar essa edição ao que seria um futuro governo Lula.

Em seu segundo mandato, Lula pretende impor o maior ataque que os trabalhadores já sofreram em toda sua história. Isso não é nenhum exagero. Quando afirmamos que o primeiro governo Lula seria ainda mais neoliberal do que FHC, muitos disseram que exagerávamos. Mas os fatos comprovaram o que dissemos.

Agora, basta juntar os projetos das reformas que já estão anunciadas por Lula, quando fala nas reuniões com os grandes empresários, para pintar um cenário catastrófico para os trabalhadores. Imaginem a combinação entre a nova reforma da Previdência e a reforma sindical e trabalhista: se perderiam direitos históricos como as férias e o décimo-terceiro salário, as greves seriam praticamente proibidas e a idade mínima para aposentadoria seria de 65 anos.

A esse quadro, devemos agregar a inevitável crise cíclica do capitalismo (que poderá explodir em 2007). Isso trará inevitavelmente a ampliação do desemprego e mais arrocho salarial.

A ditadura militar cortou os salários e acabou com a estabilidade no emprego. Os governos “democráticos”, que vieram depois, implantaram o modelo neoliberal com a conseqüente ampliação do arrocho e a perpetuação do desemprego. Mas nenhum deles conseguiu atacar tanto os trabalhadores como Lula está prometendo.

Alckmin tem acordo com todas estas reformas. Não por acaso, o Financial Times (principal jornal do capital financeiro internacional) fala de Lula e Alckmin como “dois candidatos com muito em comum”. Seguem a orientação do FMI explicitada em relatório divulgado pelo fundo em junho, no qual “sugere” uma contenção maior dos gastos públicos, sobretudo com relação à previdência, além da aprovação da reforma trabalhista e uma abertura maior da economia. Lula garante para a grande burguesia que com ele na Presidência as resistências dos trabalhadores serão menores.

Evidentemente, nem Lula nem Alckmin vão defender isto em suas campanhas eleitorais. Vão mentir como sempre e prometer o paraíso caso se vote neles.

Combater as reformas nas lutas e nas eleições
A Conlutas nasceu lutando contra as reformas sindical, trabalhista e da Previdência. Neste momento está desenvolvendo uma campanha contra o Super Simples, projeto de lei do governo já em discussão no Congresso que corta o décimo-terceiro salário e as férias dos trabalhadores das micro-empresas. Para a Conlutas, esta luta e uma preparação dos trabalhadores para as grandes batalhas que virão no próximo governo, em que estes ataques serão estendidos a todos.

Este é também um dos grandes eixos da campanha da Frente de Esquerda (PSTU, PSOL, PCB), que tem a candidatura de Heloísa Helena para a Presidência da República. Vamos utilizar a campanha eleitoral para denunciar a todo o povo brasileiro os planos de Lula e Alckmin. Assim, vamos combinar a campanha eleitoral com a preparação da luta direta que vamos ter no próximo governo de Lula ou Alckmin, caso um deles vença as eleições.

Nestas páginas, queremos explicar essas reformas, que são ataques violentos sendo preparados por Lula.
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