Entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro, a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) realizou seu 10º Congresso. Muito intenso e com muito trabalho, o congresso mostrou uma LIT viva e em crescimento, mas também teve a preocupação política de intervir ativamente nos processos vivos da luta de classes que se desenvolvem em todo o mundo, e enfrentar os grandes desafios na imensa tarefa de ajudar a construir uma direção revolucionária internacional.

No que se refere ao crescimento da LIT, participaram do congresso quatro novas seções ou organizações: o PST (Honduras), a Voz dos Trabalhadores (EUA), o Grupo Socialista Operário (México) e Liga dos Trabalhadores pelo Socialismo (LTS), do Panamá. Em outros países, onde já existiam partidos e organizações filiadas, ocorreram processos de fusão com outras organizações que deram origem a novos partidos, como foram os casos da Argentina e El Salvador. Também foram evidenciados importantes avanços nos processos de intervenção da maioria das organizações nacionais.

Tudo isso é resultado do avanço das lutas em todo o mundo. Mas, também, expressa o acerto da atuação política da LIT-QI. Ao invés de se render aos encantos dos governos de Frente Popular (como o de Lula e Dilma, no Brasil; ou de Evo Morales, na Bolívia) e “nacionalistas” (como o de Chávez), defendemos a mais absoluta independência dos trabalhadores perante todos esses governos burgueses, como única forma de, podermos, algum dia caminhar realmente para o socialismo. Por outro lado, o fortalecimento da LIT também é fruto da sua ligação concreta com os mais diversos processos de lutas e de resistência dos trabalhadores.

Para expressar essa nova realidade, decidiu-se ampliar o critério e o número de delegados representando às seções e organizações simpatizantes da LIT. Dessa forma, foi possível reunir uma ampla camada de quadros, muitos deles jovens, representando uma nova geração de militantes e dirigentes revolucionários.

Principais debates
Os debates políticos foram intensos em todos os pontos. Neles se refletiu não só a nova situação da luta de classes mundial, como também as diferentes experiências e realidades nacionais e regionais.

Sobre a situação mundial, uma das principais discussões girou em torno do significado da etapa aberta a partir do fim dos ex-Estados operários e da destruição do aparelho central de stalinismo. Ou seja, se esta etapa se caracteriza como revolucionária ou reacionária. Assim, mantemos um debate muito importante para nossas definições políticas realizadas nos fins dos anos 1990 e inícios dos anos 2000. O Congresso resolveu manter a caracterização de que a etapa aberta nos 1990 é revolucionária, como formulava o documento ao pré-congresso. E que, dentro dessa etapa, vivemos, hoje, uma situação revolucionária pela combinação da crise política do imperialismo (em razão de suas derrotas político-militares no Iraque e a quase segura derrota no Afeganistão), da profunda crise econômica aberta em 2007 e dos processos da luta de classes, especialmente no Norte da África, Oriente Médio e na Europa.

Europa
Outra polêmica foi sobre a precisão da definição da situação da luta de classes no continente europeu. No debate, expressou-se um acordo geral sobre o fato de que Europa é, em nossos dias, um dos picos altos da luta de classes mundial e que a situação de conjunto tende a se agravar. Mudanças históricas podem ocorrer no velho continente. O agravamento da crise econômica e política poderá abrir situações de crise revolucionaria no continente.

Norte da África e Oriente Médio
Os participantes do congresso tem um acordo geral sobre a caracterização de que a região vive um processo revolucionário e que a derrubada de Kadafi, na Líbia, e a luta contra o regime de Assad, na Síria, são parte deste processo e não “intervenções” ou “agressões imperialistas”, como afirmam setores da esquerda mundial.

América Latina
Houve um consenso sobre as definições centrais do documento apresentado e discutido no pré-congresso. Nele afirma-se que a situação revolucionária, vivida pelo subcontinente na primeira metade da década passada, havia se encerrado pela combinação da ação dos governos de Frente Popular e nacionalistas populistas, e o “respiro econômico” que a região gozava, em meio da crise mundial. A situação definiu-se então como “não revolucionária”. O documento foi aprovado com uma série de agregados e atualizações a partir das diferentes intervenções, especialmente no sentido de que a evolução desta situação está condicionada ao agravamento da crise econômica mundial e seu impacto sobre os países latino-americanos, o desgaste dos governos e a influência da luta na Europa e do Norte da África e Oriente Médio.

LIT comemora 30 anos em 2012
Em janeiro de 1982, era fundada a LIT-QI. A fundação da Liga foi um passo importante para avançar na construção de um partido mundial da revolução. Em 2012 vamos resgatar os mais importantes capítulos desta história e divulgá-los. Além de artigos e vídeos serão realizados diversos atos pelo país. Em outubro, um grande ato internacional será realizado em Bueno Aires, Argentina, em comemoração aos 30 anos da Liga.

Para a maior parte da esquerda, infelizmente, a importância da construção de partido mundial se perdeu. Os capitalistas, porém, aplicam uma só política mundial, por meio de planos neoliberais ou “ajustes estruturais” do FMI, em todo o planeta. Se a economia é mundial e está acima do que é típico de um país, para lutar contra o sistema os trabalhadores devem ter uma organização mundial, para derrubar o capitalismo e impulsionar a revolução socialista.

Como definia Leon Trotsky, para os revolucionários “na época atual, infinitamente mais que durante a precedente, só se deve e pode deduzir-se o sentido em que se dirige o proletariado desde o ponto de vista nacional da direção seguida no domínio internacional, e não ao contrário. Nisso consiste a diferença fundamental que separa, no ponto de partida, o internacionalismo comunista das diversas variedades do socialismo nacional”.

Portanto, o partido mundial da revolução é a única ferramenta que pode derrotar o imperialismo. Uma luta na qual a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI) está engajada há quase 30 anos.

Post author Alejandro Iturbe, da LIT-QI
Publication Date