O ano ficará marcado na história como um ano em que a juventude se levantou em todo o mundo. Logo no seu despertar, jovens tunisianos e egípcios derrubaram ditaduras. As batalhas enfrentadas no mundo árabe se espalharam pela Europa. Surgiu uma nova geração de lutadores, dispostos a combater sem medo para que os ricos paguem pela crise. As ocupações de praça se generalizaram por todo o mundo. Impossível será explicar 2011 sem mencionar os jovens que protagonizaram os grandes conflitos sociais do ano.

E no Brasil?
Por aqui, apesar de ainda não vermos grandes processos, o impacto das grandes manifestações pelo mundo incidiu sobre os jovens ativistas alentando as lutas pela educação. O exemplo de combatividade da juventude europeia impulsionou a consolidação de uma alternativa à passividade da União Nacional dos Estudantes. Para falar do movimento estudantil brasileiro em 2011, não se pode ignorar a presença incontestável da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre!).

ANEL responde aos ataques à educação
O governo Dilma começou o ano cortando R$ 3 bilhões da educação. Depois, propôs um novo Plano Nacional de Educação (PNE), cujo significado é aprofundar a privatização e a falta de verbas do ensino público. Diante de todos os ataques à educação, a UNE nada fez.

Foi com a convicção da importância de fortalecer uma nova entidade estudantil no Brasil que, entre os dias 23 e 26 de junho, foi realizado o I Congresso da ANEL. Mais de 1.700 estudantes de todo o país foram ao Rio de Janeiro participar do Congresso.

Ao longo do primeiro semestre, milhares de estudantes se envolveram nos debates acerca dos processos de eleição de delegados. O tema central abordado durante a construção do Congresso esteve relacionado com a defesa da educação pública e a luta pelo investimento de 10% do PIB no setor. Foram intermináveis debates sobre o novo Plano Nacional de Educação, acumulando uma compreensão comum de seu significado.

Lutas em defesa da educação
Em agosto, a juventude se somou aos milhares de trabalhadores que se reuniram em Brasília participando da Jornada de Lutas, ao lado da CSP-Conlutas, ANDES-SN, MST, MTST, além de servidores e professores em greve. Em seguida, a ANEL organizou um ato em frente ao Ministério da Educação, onde uma comissão de estudantes foi recebida pelo ministro da educação, Fernando Haddad.

A partir daí, a temperatura esquentou no movimento estudantil. Houve lutas em diversas universidades e escolas que mobilizaram milhares de estudantes. Elas reivindicavam melhorias na assistência estudantil, mais professores, infra-estrutura e todas as condições necessárias para uma educação com qualidade. Ficou evidente que esses protestos foram consequência da política de expansão do governo federal realizada sem o aumento de verbas para manter a qualidade do ensino, e por isso o acúmulo de problemas. Somado a cada um desses processos, os estudantes se uniram pelos 10% do PIB já para a educação pública.

Em Teresina (PI) milhares de estudantes foram às ruas protestar contra o aumento da tarifa de ônibus. Os protestos foram tão fortes que fizeram a prefeitura recuar dos seus planos.

No fim do ano, os estudantes da USP viveram uma infeliz surpresa proveniente
do reitor João Grandino Rodas. Para por fim a uma ocupação na reitoria da universidade, a policia invadiu a universidade e prendeu 73 estudantes. Rodas tem um projeto para fazer avançar a privatização na USP e a presença da polícia serve para impor suas vontades.

Após a presença ostensiva da PM no dia da desocupação da reitoria, o movimento estudantil da USP se levantou. Foram atos e assembleias com milhares de estudantes, mostrando que estão dispostos a lutar contra a repressão, em defesa da autonomia da universidade e por um verdadeiro plano de segurança para a USP.

“Se muito vale o já feito, mais vale o que será!”
Após um ano com tantos acontecimentos importantes, é possível olhar pra frente e enxergar grandes oportunidades para 2012. Depois do I Congresso da ANEL, a entidade está em um novo patamar para organizar a luta estudantil. Os primeiros processos de mobilização e as batalhas que a juventude tem protagonizado em todo o mundo indicam também que teremos um ano de novos e grandes enfrentamentos, na medida em que o governo segue com sua política educacional.

Os estudantes continuarão com a batalha pela ampliação do investimento de 10% do PIB já para a educação pública, e a unidade com os trabalhadores para isso será fundamental. Assim, será também de grande importância a participação da ANEL no I Congresso da CSP-Conlutas reforçando o seu princípio da aliança entre os trabalhadores e estudantes. Teremos um ano de grandes oportunidades e desafios. E com muita organização, unidade e independência em relação aos governos, conseguiremos conquistar muitas vitórias.
Post author Clara Saraiva, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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