Diogo Artud, militante do PSTU e rapper do Coletivo O3

A central sindical e popular Conlutas realiza seu III Congresso Nacional dos dias 12 a 15 de outubro de 2017. Para eleger seus representantes, os sindicatos, oposições de sindicatos e movimentos populares estão realizando suas assembleias.

Nesse momento de crises no Brasil provocadas pelo capitalismo, a luta popular tem crescido cada vez mais. O desemprego enorme, o custo de vida cada vez mais alto, a violência policial assassina e tantas outras desgraças têm levado nosso povo aos levantes.

O Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que criou a CSP-Conlutas em 2010, acertou muito bem ao unir os movimentos populares e os sindicais em uma única central.

A luta popular no Brasil cresceu expressivamente nos últimos anos
Com o aprofundamento da crise econômica capitalista e também com a burocratização cada vez maior das grandes centrais e seus sindicatos, famílias e trabalhadores mais pobres têm acirrado seus métodos de luta e organização.

Indígenas e quilombolas têm realizado a tomada de seus territórios históricos e ocupações rurais e urbanas estão cada vez mais frequentes, aumentando constantemente a lista de novos movimentos de luta pela terra e moradia filiados à central.

Desempregados, trabalhadores informais e jovens trabalhadores também têm se levantado e organizado a sua luta. Moradores de favelas e bairros pobres, em especial no Rio de Janeiro, constantemente têm se levantado contra a violência policial, como no assassinato do Amarildo ou do dançarino DG.

Trabalhadores demitidos por conta da crise da Petrobrás e também pelo desemprego recorde que varre o país durante esta crise, têm mostrado garra em sua luta e organização. O maior exemplo disso foi o histórico fechamento da ponte Rio-Niterói pelos demitidos do COMPERJ em 2015.

Coletivos culturais e de lutas contra a opressão têm surgido por todos os lados, sejam saraus ou hip hop, ou coletivos negros, LGBT’s ou feministas. Particularmente em São Paulo, depois das jornadas de junho de 2013, e também após as ocupações de escolas de 2015, vimos um pipocar de coletivos independentes surgirem, em sua maioria de organização de jovens negros de periferia e trabalhadores precarizados.

Algumas expressões da luta popular
Como já dito, a luta dos mais diversos setores têm trazido uma rica experiência para a central. A filiação dos quilombolas do Maranhão e a aproximação com os indígenas em luta têm trazido à vida da central as questões da demarcação das terras indígenas e quilombolas, ampliando o nosso horizonte da luta pela terra para além da reforma agrária.

Recentemente, na plenária operária e popular realizada em São Paulo, o MAC (Movimento dos Ambulantes da Capital) foi um dos nossos convidados. Num país onde o desemprego bate recordes e onde próprio governo assume que tudo poderia estar pior se não fosse o “trabalho informal”, a organização deste setor através do MAC é uma clara expressão da importância desses trabalhadores. Este movimento funciona como um sindicato dos trabalhadores ambulantes de São Paulo, que luta contra o governo e patrões por direitos e reconhecimento de seu trabalho, além de enfrentar constantemente a repressão.

O movimento SOS Empregos é uma nova experiência de organização. Filiado à central, este movimento de desempregados começou no RJ após as demissões em massa do COMPERJ e demais obras da Petrobrás. Após o início da crise econômica o movimento tem crescido, em especial no estado de Sergipe, onde já existe em diversas localidades. O movimento se organiza por regiões ou locais de trabalho e sua luta é voltada principalmente para o cumprimentos dos deveres trabalhistas, readmissões e conquista de direitos.

Com a crise política que assola praticamente todos os estados e a degradação cada vez maior dos serviços públicos, associações de bairro também têm se aproximado da central, mostrando a disposição de luta dessas organizações. A CSP-Conlutas têm se mostrado cada vez mais como um aglutinador das lutas sociais.

O hip hop militante
À primeira vista, o Movimento Hip Hop pode parecer apenas um movimento artístico e cultural, e de fato, em sua maioria, o é. Por isso existe o “Militante” ao final do “Movimento Hip Hop Militante”, para separar bem esses diferentes tipos de “Hip Hops”. O Hip Hop Militante reúne em seu seio jovens trabalhadores, trabalhadores mais velhos, trabalhadores informais, desempregados e artistas.

Por possuir uma essência militante, a sua forma de atuação não é meramente cultural/artística. Pelo contrário, o Movimento Hip Hop Militante têm como sua origem a ação direta, a organização dos jovens trabalhadores de favelas, quebradas e bairros pobres para lutar por seus direitos e melhores condições de vida. O Quilombo Urbano (QU), do Maranhão, é a maior expressão desse tipo de movimento. Com quase 30 anos de existência, o QU sempre esteve presente em mobilizações, protestos, piquetes e greves. Foi o criador da “Marcha da Periferia”, que atualmente acontece em quase todos os estados do país.

Foi o Quilombo Urbano que impulsionou o Hip Hop Militante, sendo peça chave para a criação do Quilombo Brasil, organização nacional a qual faz parte, que é filiada à CSP Conlutas, e hoje está presente em 7 estados com 8 movimentos. O Hip Hop Militante se organiza através de “posses”, que são territórios dentro de favelas ou bairros pobres, escolas, ou até mesmo presídios. Nestes locais o movimento faz sua agitação política e artística, envolvendo a comunidade para a conscientização dos seus problemas e para buscar melhorias através da ação direta.

O Hip Hop Militante têm se consolidado como uma ferramenta de extrema importância dentro das favelas e bairros mais pobres, levando organização, arte, cultura e ação direta para as quebradas.

O Congresso Nacional dos Lutadores
A realidade brasileira, com desemprego recorde e crises econômica e política profundas, tem tornado a organização dos trabalhadores e povo pobre muito mais dinâmica, levando-os à luta das mais diversas formas. A organização pela base da CSP-Conlutas garante a estes setores “não sindicais” uma representação digna e verdadeira.

O III Congresso da CSP-Conlutas será a maior expressão das lutas independentes que ocorrem no país nos últimos anos. Terá também uma forte presença popular, mostrando que a luta está muito além dos métodos já tradicionalmente conhecidos pelo movimento.

Que venha o III Congresso da CSP Conlutas! Viva a luta dos trabalhadores e do povo pobre!