Basta do “sim, senhor!”. Basta do sim ao salário de fome enquanto os banqueiros têm lucros recordes ano após ano. Basta do sim ao desemprego, quando existe tanta coisa a se fazer neste país e tantas mãos dispostas a trabalhar. Basta do sim à corrupção do governo, do Congresso e da Justiça, à corrupção do PT e do PSDB-DEM. Basta do sim dado a Bush, tanto por Lula quanto por FHC. É hora do não.

É hora de dizer não à reforma de Lula que quer nos tirar o direito à aposentadoria. Dizer não à privatização da Vale, feita por FHC e mantida por Lula. Dizer não à privatização do setor elétrico e às altas tarifas cobradas dos mais pobres. Dizer não ao pagamento das dívidas interna e externa que impedem um crescimento real dos salários e dos empregos dos trabalhadores.

O Plebiscito Popular, que está sendo impulsionado pela Conlutas, MST, pastorais da igreja e outros movimentos, chegou ao momento decisivo. Na semana da Independência, de 1º a 7 de setembro, os trabalhadores e estudantes serão chamados a se posicionar sobre quatro pontos fundamentais na política econômica do governo. Em poucos momentos, os trabalhadores e estudantes serão chamados a tomar uma posição sobre temas centrais da realidade do país.

Uma boa participação das bases no plebiscito fortalecerá cada uma dessas lutas e enfraquecerá o governo e a oposição de direita (PSDB, DEM) que querem impor novos ataques como a reforma da Previdência.

Seria possível alcançar uma votação igual ou superior à conseguida em 2002, com cerca de 10 milhões de votos colhidos. No entanto, existe uma parte da direção do movimento que está atuando para bloquear isso. Agem como fazem, muitas vezes, os pelegos quando têm de ir a uma greve, só para poder evitar que ela se choque com o governo e com os patrões.

É isso que as direções da CUT, UNE e PCdoB fizeram ao defender que o plebiscito só tivesse a pergunta sobre a privatização da Vale, feita no governo FHC, para livrar a cara do governo Lula. E não é verdade que essas direções estejam realmente a favor de um grande plebiscito por uma pergunta. Em vários estados, não existe preparação na base dos sindicatos dirigidos pela CUT para nenhum tipo de plebiscito. Essa atuação dos setores governistas pode limitar o alcance político do plebiscito e diminuir a votação na base.

Os setores do movimento independentes do governo têm agora uma prova de fogo. Uma participação ampla da base nos sindicatos e associações estudantis e populares ajudará na preparação concreta da luta contra a reforma da Previdência que o governo Lula vai querer impor. Uma boa votação na base com as quatro perguntas fortalecerá em muito a preparação da marcha a Brasília em outubro. E, além disso, reforçará a construção de uma alternativa de luta, por fora do governismo da CUT e da UNE.

Esse é um dos motivos pelos quais a posição da direção do MST é fundamental. O MST é uma referência importante para amplos setores de vanguarda. Existe uma oscilação de um lado para outro, que tem, em sua origem, o fato da direção do MST não ter rompido com o governo Lula apesar de se mostrar mais crítico. Em muitos estados, o MST tem permanecido firme na preparação do plebiscito com as quatro perguntas. Em outros, como Pernambuco, está junto com a CUT. Nas mobilizações nas universidades de vários estados, fez coro com a UNE sem nenhuma crítica ao governo. O jornal Brasil de Fato – que tem bastante influência do movimento –, publicou uma declaração de Lula sugerindo que o presidente apóia a mobilização pela reestatização da Vale, o que não é verdade. O MST tem uma tradição enorme de lutas a defender e também tem de dizer não com clareza ao governo Lula.

O não do plebiscito é um NÃO ao governo Lula e um NÃO à oposição de direita do PSDB-DEM. Levante esta bandeira e organize o plebiscito em seu sindicato, na sua entidade estudantil ou popular.

Com os quatro NÃOs do plebiscito, começa a se construir um sim. Um sim para a luta dos trabalhadores da cidade e do campo e dos estudantes. Um sim, para a retomada das bandeiras da esquerda.
Post author Editorial do Opinião Socialista nº 312
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