Aprovação da comissão que vai analisar o pedido de impeachment na Câmara

Mais da metade dos deputados da comissão que vai apreciar o impeachment de Dilma receberam recursos de empresas investigadas pela Lava Jato.

“O balanço dos 35 anos de existência e mais de 12 anos de governo do PT é extremamente negativo para a classe trabalhadora. E por que negativo? Principalmente porque o PT fez retroceder a consciência e organização independente da classe trabalhadora. É preciso entender esse processo.”

(Bernardo Cerdeira, Crise e Degeneração do PT)

O PT que surgiu no calor das lutas da década de 80, hoje se encontra dirigido por quadros que se degeneraram politicamente, viraram as costas para os trabalhadores, se aliaram com os setores mais atrasados da política brasileira, operando práticas que sempre foram costumeiras da direita como a corrupção. A ironia sórdida da situação do PT no governo é ver o Congresso Nacional formar uma comissão que vai apreciar o impeachment na qual mais da metade dos deputados recebeu recursos das empresas que estão envolvidas na operação lava jato.

Figuras como o filho de Bolsonaro, Marco Feliciano, Paulinho da Força que estão nas ruas pedindo a renúncia de Dilma aparecem na lista de quem recebeu dinheiro de empresários investigados na Lava Jato. A hipocrisia do impeachment é impressionante e demonstra que a burguesia brasileira usou o PT para atacar direitos dos trabalhadores e agora o próprio PT, diante de uma crise política e econômica, não consegue ter o controle político do país e não serve mais a ela, que quer aprovar contra-reformas no Congresso para atender os seus interesses diante da crise.

Há uma luta pelo poder e uma polarização entre o governo e a oposição de direita. Muita gente olha para o processo e identifica como um golpe da direita contra um governo de esquerda. Mas não é isso que está acontecendo. Não há qualquer possibilidade de um golpe militar, como bem disse recentemente o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas.  “Eu acho lamentável que, num país democrático como o Brasil, as pessoas só encontrem nas Forças Armadas uma possibilidade de solução da crise, mas isto não é extensivo nem generalizado e, felizmente, está diminuindo bastante a demanda por intervenção militar”, disse.

O atual Governo Federal esteve no poder nesses últimos 12 anos numa coalizão com setores pesados da direita brasileira como Collor, Sarney, Paulo Maluf…  Aplicou uma política econômica igual à de FHC ( juros altos, metas de inflação e superávit primário…), privatizou, terceirizou, fez reforma da Previdência e quer fazer outra, retirou direitos, reprimiu trabalhadores e movimentos sociais… Recebeu de forma legal e ilegal financiamento de empresas e bancos.

Nas ultimas eleições, o PT foi o partido que mais recebeu dinheiro da burguesia. Afastou-se das lutas, desviou greves, perseguiu ativistas da oposição que criticavam o governo nos sindicatos, cooptou os movimentos sociais, centrais sindicais e entidades estudantis com a força da grana! Doou milhões para a grande imprensa que o próprio PT chama de golpista…

Política e moralmente, não há mais fronteiras que diferenciam o PT dos partidos da direita desse país, são iguais em tudo, brigam pelo poder na verdade para ver quem irá administrar os negócios da burguesia. O PT se misturou com os porcos e agora come farelo!

As ilusões e decepções…
A maioria da classe trabalhadora está rompendo com o PT, não apoia esse governo, mas há ainda uma minoria e muitos ativistas da vanguarda que estão comovidos com as manobras nada imparciais da Justiça e avaliam que há um golpe da direita contra um governo de esquerda, e por isso acham correto ir às ruas defender o governo Dilma. É um grave erro ir às ruas defender um governo que não representa e não é mais referência de esperança para os trabalhadores, justamente por ter se aliado à direita desse país. Como se o PT fosse a última parada da esquerda brasileira e não fosse mais possível construir uma alternativa. Apoiar o PT e o governo Dilma nas ruas nesse momento é abrir mão de construir uma alternativa para a esquerda diante de um cenário que a direita ganha terreno político. A direção do PSOL e o MTST erram em se localizar do lado do governo nesse momento, gerando confusão na vanguarda de ativistas, enfraquecendo a possibilidade de construção de uma alternativa…

Há outro setor entre os trabalhadores que, diante da degeneração do PT, está decepcionado e deprimido, começando a tirar conclusões equivocadas no sentido de não acreditar em nenhum partido ou alternativa de esquerda, e em meio à confusão ou vai pra casa com o espírito resignado ou ainda chega a participar dos atos promovidos pela direita. Essa atitude também não ajuda a construir uma alternativa para superar o desastre da experiência petista que manchou as bandeiras vermelhas da esquerda ajudando a abrir espaço para a direita fazer uma propaganda ofensiva.

As organizações de esquerda como o PSTU, algumas correntes do PSOL, movimentos sociais, a CSP-Conlutas, ANEL e dezenas de sindicatos estão organizando manifestações nas principais cidades do país no dia 1º de abril como parte do esforço concreto em unificar todos aqueles que querem construir nas ruas uma alternativa tanto ao governismo como em relação à oposição de direita. Ainda que seja uma iniciativa de alcance minoritário, é um ponto de apoio concreto e deve ser fortalecido, se a esquerda entrar no barco do PT nesse momento vai afundar junto e vamos perder a chance de construir e ampliar a construção de uma alternativa.

Nem todos os partidos são iguais
O PSTU é um partido de esquerda e socialista e é formado por muitos companheiros e companheiras que, quando perceberam que o PT iria se tornar o que ele é hoje, romperam e para construir outro partido para os trabalhadores brasileiros.

Não somos iguais aos partidos que estão no Congresso Nacional, temos como princípio não receber nenhum recurso de empresas ou de qualquer setor da burguesia e é justamente por isso que somos um partido pobre e quase sem parlamentares, pois não vamos entrar no jogo eleitoral onde ganha espaço no parlamento quem é financiado por bancos e empreiteiras. Não serviria de nada para os trabalhadores o PSTU ter dezenas de parlamentares compromissados com grandes empresários no parlamento, pois não iríamos legislar para os trabalhadores, mas sim para quem pagou a banda!

Queremos e devemos ter parlamentares revolucionários para denunciar o próprio caráter reacionário do parlamento, caso elegermos um deputado, esse será o seu papel. Mas serão eleitos sem dinheiro de empresas e no exercício do seu mandato seguirão recebendo os salários que recebia antes como trabalhador. Assim como o operário Cleber e a professora Amanda estão fazendo em Belém e em Natal. E são um orgulho para esquerda brasileira!  Mas o parlamento é só uma linha auxiliar para as lutas.

A prioridade dos revolucionários é a ação direta, se enraizar nas fábricas, canteiros de obra, escolas e bairros para organizar os trabalhadores para a mobilização rumo à construção do socialismo! Esse é o nosso objetivo estratégico no qual perseguimos. Diferente dos partidos da esquerda reformista que acreditam que pela via do parlamento burguês é possível mudar o país e o mundo. A experiência do PT demonstra que não foi o país que mudou, quem mudou foi o PT e pra pior!

Fora todos! Eleições gerais!
O PT não representa mais os trabalhadores e o PSDB ou qualquer outra alternativa de direita só vai atender os interesses da burguesia desse país. Os trabalhadores não têm nada a ganhar nem com o fica Dilma e muito menos com a oposição de direita. Por isso estamos contra o impeachment, pois Temer e Dilma são iguais, o PT e o PMDB aplicam o mesmo programa atacando os trabalhadores brasileiros há vários mandatos seja no Governo Federal, sejam nos estado e prefeituras. Assim, trocar Dilma por Temer em caso de impeachment não é uma saída para os trabalhadores!

É preciso ir para as ruas para exigir que todos saiam fora e eleições sem financiamentos de empresários para trocar todo mundo, presidente, deputado e senadores!  Eleições nesse momento quebrando o calendário eleitoral, não é o plano A da burguesia e da direita. Pelo simples fatos de não terem hoje um nome ou partido que unifique a direita que também está em crise e atolada em escândalos da Lava Jato!  Além disso, seja qual for o governo que assumir no lugar de Dilma, será muito mais frágil e de pouco apoio popular, com  atarefa de atacar direitos para atender a burguesia! E serão as mobilizações contra qualquer governo improvisado que surja que teremos a oportunidade de reconstruir a esquerda socialista sobre as ruínas do PT.

Não é hora para capitulações e descrença… É hora de construir uma alternativa para a esquerda socialista que vai se dar no calor das lutas… Dia 1º  de abril está aí, eis uma oportunidade que toda esquerda combativa desse país deveria se agarrar!

Lista de deputados da comissão que receberam doação das empresas:

Deputados da comissão de impeachment que receberam dinheiro de empresas envolvidas na Lava Jato. Em Reais.

PSDB
Bruno Covas (SP) – R$ 227.486
Jutahy Júnior (BA) – R$ 531.875
Nilson Leitão (MT) – R$ 511.550
Paulo Abi-Ackel (MG) – R$ 425.000

DEM
Mendonça Filho (PE) – R$ 250.000
Elmar Nascimento (BA) – R$ 201.580

PPS
Alex Manente (SP) – R$ 400

PSB
Fernando Coelho (PE) – R$  30.000
Bebeto Galvão (BA) – R$ 50.000
Danilo Forte (CE) – R$ 400.000

SOLIDARIEDADE
Paulinho da Força (SP) – R$ 240.925,5

PSC
Eduardo Bolsonaro (SP) – R$ 567,27
Marco Feliciano (SP) – R$ 9.837,1

PRB
Jhonatan de Jesus (RR) – R$ 10.000
Marcelo Squassoni (SP) – R$ 770

PHS
Marcelo Aro (MG) – R$ 30.000

PSD
Paulo Magalhães (BA) – R$ 19.898,44
Marcos Montes (MG) – R$ 100.000

PMB
Weliton Prado (MG) – R$ 166.500

PDT
Flavio Nogueira (PI) R$ – 100.000

PMDB
Leonardo Picciani (RJ) – R$ 199.000
Washington Reis (RJ) – R$ 500.000
Osmar Terra (RS) – R$ 190.000
Lúcio Vieira Lima (BA) – R$ 732.000

PP
Aguinaldo Ribeiro (PB) – R$  271.900
Jerônimo Goergen (RS) – R$ 100.000
Roberto Britto (BA) – R$ 7.423,59
Paulo Maluf (SP) – R$ 648.940

PTB
Benito Gama (BA) – R$ 211.890

PT
Arlindo Chinaglia (SP) – R$ 412.000
José Mentor (SP) – R$ 187.500
Paulo Teixeira (SP) R$ – 285.000
Vicente Cândido (SP) – R$ 254.125
Zé Geraldo (PA) – R$ 145.500

PTN
João Bacelar (BA) – R$ 4.493,66

PR
José Rocha (BA) – R$  494.407,1
Edio Lopes (RR) – R$ 680.732
Maurício Quintella (AL) – R$  350.000

PT do B
Sílvio Costa (PE) – R$  100.000

Total –  R$ 8.981.301