No dia 31 de agosto, mais de 9 mil trabalhadores e trabalhadoras em educação da rede estadual decidiram, em Assembleia Estadual, manter a greve por tempo indeterminado. O movimento teve início dia 8 de junho e a categoria reivindica o imediato cumprimento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), regulamentado pela Lei Federal 11.738. A greve continua ganhando força. Para explicar como está o movimento, o Opinião entrevistou o professor Gustavo Olímpio, da CSP-Conlutas e do Movimento Educação em Luta.

Opinião – Como surgiu a greve e qual a principal pauta de reivindicação?

Gustavo Olímpio – A nossa greve começou no dia 8 de junho. Esta greve surgiu pelo fato de Minas Gerais pagar um dos mais baixos pisos salariais do país. No ano passado, na greve de 47 dias, o governo veio com a proposta de incorporar todas as vantagens em um único valor, o que chamou de subsídio. Com isso, os trabalhadores perderam direitos, como os quinquênios e biênios, além de igualar o salário dos novos trabalhadores com aqueles que estão a 20 anos na Educação. A principal reivindicação é a aplicação de um piso salarial de R$ 1597,87 e a reconstrução de nossa carreira.

Qual tem sido a postura do governador Antônio Anastasia diante da greve?

Olímpio – O governo Anastasia (PSDB) apresentou uma postura de usar a mídia contra a nossa greve e se recusar a negociar. As conversas que aconteceram foram intermediadas pelo Ministério Público ou pela Assembleia Legislativa. Além de dizer que já paga o piso salarial defendido pelo MEC [Ministério da Educação e Cultura].
A greve vem ganhando adesão? Se tornou a principal luta contra o governo Anastasia?
Olímpio – Nossa greve vem ganhando mais adesões e tem ganhado a opinião pública, que reconhece que os professores devem ser mais valorizados. E esta é a maior greve da história de Minas Gerais. No próximo dia 8, quando ocorrerá a nova assembleia, a greve vai completar 91 dias. Todos os movimentos sociais estão apoiando esta luta e se somando nas passeatas.

Qual tem sido a postura do governo Dilma e do ministro da educação Fernando Haddad?

Olímpio – Apesar da lei do piso ser uma lei federal, o governo Dilma não soltou uma palavra sequer cobrando a aplicação do piso nos estados que pagam abaixo do valor estabelecido. O governo se mantém omisso, não só em Minas, mas em todas as greves da Educação. O Ministro Haddad, nesses 90 dias de greve, somente veio a público, agora, para apoiar a política de Anastasia de contratar professores para substituir os grevistas. Um absurdo completo. Dilma e Haddad têm que intervir na greve de Minas, mas em favor dos trabalhadores e não ao lado daqueles que querem destruir a educação.

Como tem sido a participação do partido na greve? Fale sobre a prisão do professor André Nogueira.

Olímpio – O PSTU, desde o início da greve, vem se colocando ao lado dos trabalhadores da educação. Estamos denunciando a postura do governo mineiro de se recusar a negociar. Já passaram pela nossa assembleia a Amanda Gurgel e o Zé Maria, explicando que essa greve é de toda a classe trabalhadora, porque é em defesa da educação. O professor André foi preso quando estava em uma manifestação de estudantes que apoiavam a greve. Ele simplesmente estava tentando defender os estudantes de serem atropelados por uma moto quando teve voz de prisão. O episodio demonstra que nós não podemos nos manifestar, pois acabamos presos. Já o governo pode não cumprir uma lei que nada acontece.

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