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Metroviários de São Paulo aprovam continuidade da greve e pedem intervenção do governo federal

Os metroviários de São Paulo aprovaram em assembleia realizada na tarde desse domingo, por ampla maioria, a continuidade da paralisação. Os trabalhadores do Metrô estão em greve desde o dia 5 de junho e enfrentam a forte intransigência e truculência do governo paulista e da Justiça.

Os metroviários lotaram a quadro do sindicato na assembleia que discutiu os rumos do movimento. Poucas horas antes, na manhã desse domingo, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), numa clara demonstração de subserviência ao governo do estado, declarou a greve abusiva e determinou multa de R$ 500 mil ao sindicato caso a  greve continuasse. Além disso, o tribunal reafirmou a proposta realizada pela direção do Metrô (8,7%) e chegou a retroceder no que havia sugerido antes (9,5%).

Os metroviários, porém, que já enfrentavam a truculência e a ameaça de demissões por parte do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), assim como uma intensa campanha da imprensa, não se curvaram à decisão da Justiça e decidiram continuar em greve. A assembleia demonstrou a unidade da categoria e a disposição de luta que abrange praticamente todos os setores, dos trabalhadores da manutenção passando pelos seguranças aos operadores de trens.

Tem uma Copa do Mundo, o maior evento internacional esportivo,  tem gente do mundo inteiro olhando esse negócio, é um momento único que temos“, afirmou Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários e militante do PSTU. Defendendo a continuidade da greve, Altino recordou do período da ditadura militar, quando os metalúrgicos do ABC enfrentaram a Justiça, assim como da greve dos garis no Rio em fevereiro e dos trabalhadores do monotrilho, cuja greve também teve decisão contrária da Justiça, mas que foram vitoriosas.

A única forma de enfrentarmos o medo e vencermos é lutar todo mundo junto, unidos“, defendeu Paulo Pasin, diretor do sindicato e presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários). A decisão truculenta da Justiça, que não reconhece o direito de greve, uniu ainda mais os metroviários, que gritaram após a aprovação da continuidade do movimento: “Não tem arrego!”.

Pouco antes da assembleia o Sindicato dos Metroviários enviou uma carta ao Governo Federal reivindicando que Dilma interviesse nas negociações junto à direção da empresa e do governo estadual.

Solidariedade
A greve dos trabalhadores do Metrô já é histórica pela sua força e adesão. Conquistou um surpreendente apoio não só de outras categorias, mas da própria população. Mensagens de solidariedade são enviadas de todas as partes do Brasil e até de outros países. O governo Alckmin, contudo, assim como a Justiça, jogam duro contra o movimento. O governo paulista não quer “abrir um precedente” para que não haja novas greves. Quer transformar a greve dos metroviários num exemplo às outras categorias.

É necessário cercar de toda a solidariedade possível a mobilização dos metroviários. Nessa segunda, 9, acontece um ato de solidariedade à greve, às 7h, na Estação Ana Rosa e às 13h, uma nova assembleia da categoria na sede do sindicato. 

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