Os ativistas envolvidos na construção do plebiscito em setembro terão que enfrentar uma grande mentira dita por Lula. Segundo o presidente, o Brasil não depende mais do FMI. Ele diz que o país já pagou tudo o que deve ao fundo.

Essa mentira se apóia no fato de o governo ter realizado pagamentos antecipados de pequenas parcelas da dívida. De outubro de 2005 a junho de 2006, houve o pagamento de US$ 24 bilhões de antecipação de dívida externa (ao FMI, Clube de Paris e Bradies).

No entanto, o Brasil continua endividado e a dívida segue crescendo (de US$ 183 bilhões em setembro de 2006, passou para US$ 203 bilhões). Além disso, o governo segue aplicando todo o “receituário” do FMI – reformas da Previdência e trabalhista, privatizações, etc. Ou seja, o fundo continua impondo um monitoramento permanente da política econômica do país. Portanto, ao contrário do que diz Lula, a relação entre Brasil e FMI segue sendo de total submissão.

A propaganda governista também tenta ocultar uma manobra para aumentar o lucro dos bancos: a troca de dívida externa por interna, que possui juros mais altos e, portanto, traz mais rentabilidade aos banqueiros.

O governo vem comprando dólares com a venda de títulos públicos (da dívida interna) aos bancos, e dessa forma aumenta o endividamento interno. A manobra é vergonhosa, porque o governo recebe nessa transação os juros do mercado internacional (ao redor de 3% ao ano) e paga aos bancos os juros daqui, os mais altos do planeta, hoje em 11,5% (a taxa já esteve em 19,75% em 2005). Essa enorme diferença entre as duas taxas de juros é paga pelos trabalhadores do país (com o dinheiro da saúde, educação, reforma agrária, etc.) e embolsada pelos banqueiros.

Com tamanha rentabilidade, a dívida interna explodiu nos últimos anos. De junho de 2005 a março de 2007, ela cresceu de R$ 938 bilhões para R$ 1,248 trilhão. Só no primeiro semestre deste ano, subiu mais de R$ 100 bilhões. A chamada dívida interna é a nova face da dívida externa.

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