A candidatura de Heloísa Helena pela Frente de Esquerda sintetizou os quatro anos de resistência aos cortes de verbas da educação e à implementação da reforma universitária pelo governo. Dos 6,5 milhões de votos, certamente grande parte deles se concentrou nas escolas e universidades, impulsionados pelos setores mais avançados do movimento estudantil. Foi uma grande campanha que impediu que os estudantes ficassem reféns do PT ou dos tucanos.

Agora, uma série de eleições estudantis está em curso, entre elas as da USP, Unicamp, UFF, UFRGS e Uerj. Seria muito importante a continuidade da Frente também nas disputas que estão por vir. Mas, infelizmente, na USP e na UFF o governo se unificou, enquanto a oposição de esquerda saiu dividida, apesar do chamado incansável da Juventude do PSTU.

Existem de fato diferenças políticas entre as correntes. O PSTU está construindo a Conlute porque não acredita que permanecer nos marcos da UNE acumula forças para derrotar o governo e sua reforma. Ao contrário, a posição do PSOL semeia ilusões na tentativa desesperada de ressuscitar uma entidade perdida.

Apesar disso, é um grave erro ter como crivo para a formação de chapas o reconhecimento da UNE ou da Conlute. Até porque, dentro do próprio PSOL, há um debate sobre os rumos do movimento estudantil. A tendência é que a ruptura com a UNE se amplie e não está descartada uma nova localização de correntes do PSOL.
O principal é construir gestões que sejam independentes do governo e das reitorias e estejam a serviço da luta contra os planos neoliberais. O correto é juntar todos aqueles com base a esses princípios. Na UFRGS, por exemplo, a unidade foi alcançada a partir de um amplo debate.

Não se trata simplesmente de compor chapas para disputar a direção das entidades. Existe acúmulo suficiente para construir uma unidade programática. A campanha de boicote ao Enade, o provão de Lula, foi um exemplo de como se pode dar continuidade à Frente de Esquerda.

O ano de 2007 reservará grandes enfrentamentos. As organizações políticas e os ativistas independentes que compuseram a Frente de Esquerda têm uma grande responsabilidade. É hora de retomar a luta e impulsionar um grande movimento em aliança com professores e funcionários para derrotar a reforma de Lula e do Banco Mundial.
Post author
Publication Date