A Frente de Esquerda tem a responsabilidade de defender nesta campanha eleitoral a bandeira da luta contra o pagamento das dívidas interna e externa.
Se depender das campanhas de PT/PC do B e PSDB/PFL, o tema das dívidas sequer será discutido. Tenta-se evitar esta questão central em qualquer plano que proponha enfrentar os gravíssimos problemas sociais do país.

O governo Lula, até o final de seu mandato, pagará cerca de R$ 500 bilhões em juros, mais do que FHC em seus dois governos (R$ 467 bilhões).

Este dinheiro é retirado dos investimentos necessários na economia. Enquanto o pagamento das dívidas dava um salto, o desemprego crescia de 9,6%, em 1986, para os índices atuais que se aproximam de 20% nas grandes cidades.

Esse dinheiro é retirado também dos gastos sociais em educação, saúde e habitação, e dos salários dos trabalhadores. Quando tratamos da crise da saúde e da educação pública, estamos falando da dívida. Para pagá-la, o governo impõe um superávit primário brutal, que chegou só em abril deste ano a R$ 19,4 bilhões.

Os salários dos trabalhadores são rebaixados para se encaixar num plano econômico voltado para o pagamento da dívida, se adequando aos níveis determinados pela globalização. Para manter isso, tanto Lula como Alckmin vão querer impor aos trabalhadores uma reforma trabalhista selvagem, que vai retirar direitos históricos como o 13° salário e as férias. O objetivo é chegar aos níveis de arrocho dos trabalhadores chineses, que ganham duas ou três vezes menos que os brasileiros.

O Bolsa Família, principal cabo eleitoral de Lula, custou ao governo no ano passado R$ 5,5 bilhões, quase 50 vezes menos que os R$ 272 bilhões destinados ao pagamento das dívidas em 2006, o “Bolsa Banqueiro”.

O que seria possível fazer com o dinheiro da dívida
É possível mudar o país se pararmos de pagar as dívidas e rompermos com o imperialismo. É só ver o que poderia ser feito com os R$ 500 bilhões de juros serão pagos pelo governo. Com estes recursos, seria possível financiar um plano econômico dos trabalhadores para avançar na solução dos problemas sociais.

Para enfrentar o desemprego e o déficit habitacional, um plano para construir seis milhões de casas populares custaria R$ 72 bilhões (a um custo de R$ 12 mil cada casa, de acordo com estudo da UFRGS).

Para financiar uma reforma agrária real, expropriando sem indenizar nenhum latifundiário, calcula-se que seriam necessários R$ 78,5 bilhões. Este dinheiro seria destinado a 4,5 milhões de famílias sem terras (o total de sem-terra do país), com R$ 17,5 mil de financiamento para cada assentamento (custo calculado pela Auditoria Cidadã da Dívida).

Ainda com os recursos dos juros da dívida, poderiam ser duplicados os gastos de 2005 em saúde (mais R$ 40,5 bi) e educação (R$ 21 bi). Direcionando este investimento para saúde e educação públicas e de qualidade, e não para a iniciativa privada (como o Prouni na educação ou os convênios particulares na saúde), seria possível começar a mudar a situação nestas áreas. A duplicação do orçamento da educação e saúde nos quatro anos de governo seria de R$ 244 bilhões.

São planos para mudar qualitativamente a situação social do país em relação aos temas: desemprego, reforma agrária, educação, saúde e habitação popular. O gasto total destas iniciativas seria de R$ 394,5 bilhões, ou seja, R$ 100 bilhões a menos do que Lula vai pagar aos banqueiros.
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