Os governos municipal e estadual do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde estão fazendo um patético jogo de empurra-empurra sobre a falência do sistema de saúde carioca. Todas as esferas, porém, são culpadas. A começar pelo governo Lula, que, além de sequer fiscalizar as míseras verbas que destina para o setor, agora, fazendo jogo de cena para as eleições de 2006, está promovendo uma intervenção em cooperação com o governo de Rosinha e Garotinho, que, de co-responsáveis pela crise, passam a posar como exemplos de bons administradores, o que é um absurdo.
Além disso, apesar do alarde, a intervenção é totalmente limitada. Ela contempla apenas seis unidades, mas a falta de medicamentos, equipamentos e de pessoal, e a superlotação dos hospitais é generalizada e só tem aumentado desde a municipalização do sistema, com a implementação do SUS.

Absurdo maior, contudo, é localizar a crise somente no Rio. A caótica situação carioca repete-se de norte a sul do país, e até os medicamentos de combate à Aids sumiram dos hospitais. E mais: a falta de seriedade do governo Lula fica cada vez mais evidente. O Ministro Humberto Costa só decidiu fazer algo quando seu cargo foi para a berlinda e, mesmo assim, Lula transformou seu ministério em moeda de troca na negociata dos cargos. Um exemplo de que qualidade e combate à corrupção são critérios que não têm relação com as ações do governo.

Estatizar o sistema, já!
Enquanto isso, quem perde é a população pobre. Exemplar disso foram as cenas dos aviões da FAB descendo para reabrir as emergências que se encontravam fechadas, usando para tal materiais de outras unidades.

O único caminho é organizar os trabalhadores para lutar por um sistema de saúde realmente digno. Algo que só será possível com a total estatização do sistema, sob o controle dos trabalhadores e usuários. Uma luta que passa por uma ampla auditoria, também controlada pelos trabalhadores e usuários, das verbas do SUS; o fim das perseguições e ataques aos trabalhadores do sistema; a destinação de mais verbas para o setor (utilizando o dinheiro que é investido no mercado financeiro, bancário e latifundiário); e a formação de conselhos de gestores independentes e autônomos, com participação dos trabalhadores e usuários.

Post author Márcia Adriana, do Rio de Janeiro (RJ)
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