Redação

A propaganda do capital afirma que os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) podem ser novos países dominantes em médio prazo. Nada mais falso.

Os BRICs são as novas formas de submetrópoles do imperialismo. Países controlados diretamente pelas grandes empresas multinacionais aí instaladas, que os utilizam como plataforma de produção e exportação (aproveitando a mão de obra barata e matérias-primas) para os países da região. Têm papéis diferenciados dentro da divisão mundial do trabalho definida pelas multinacionais: a China é uma grande fábrica (no início de produtos de baixa incorporação de tecnologia, agora avançando para produtos mais sofisticados); o Brasil, na produção de matérias-primas; a Rússia, com petróleo, gás e matérias-primas; a Índia, com serviços financeiros e tecnologia da informação.

Eles não vão se transformar em potências dominantes. O papel de submetrópole implica em uma subordinação cada vez maior aos governos imperialistas e, por sua vez, uma exploração de outros países semicoloniais, a partir das multinacionais instaladas nos BRICs.

A China tem neste grupo uma característica especial, sendo uma espécie particular de submetrópole. É um país gigantesco (20% da população mundial) que agora está se industrializando e urbanizando. A forma como se deu a restauração do capitalismo permitiu a existência de uma ditadura brutal e mão de obra superexplorada. Além disso, tem uma relação complementar com a economia norteamericana. As multinacionais ocuparam o país exportando para todo o mundo, mas especialmente para os EUA. Extraem uma gigantesca quantidade de mais-valia pagando salários miseráveis ao proletariado chinês e reenviam uma parte considerável dessa mais-valia sob a forma de exportação de lucros para suas matrizes. Outra parte importante da mais-valia é enviada para os EUA através da compra pelo tesouro chinês de títulos do governo dos EUA. O governo chinês tem cerca de um trilhão de dólares do tesouro norte-americano. A China depende do mercado dos EUA, e o governo dos EUA depende do capital vindo da China para financiar seus débitos.

Os BRICs tiveram uma evolução desigual
na crise. Todos sofreram, mas em ritmos e intensidades desiguais. Porém, a crise foi atenuada nesses países. A China teve uma queda muito importante em sua produção. Caiu de 13% de crescimento ao ano para 6%, e agora está retomando, já atingindo 9%. Existem dois motivos principais para isso. O primeiro é que a crise foi congelada nos países imperialistas antes de atingir sua maior intensidade. Seria muito diferente caso os países imperialistas seguissem afundando, o que inevitavelmente arrastaria os BRICs, que dependem do mercado mundial, em particular dos EUA. O mercado interno da China não pode substituir toda uma economia voltada para a exportação.

O segundo motivo é ainda uma hipótese. O imperialismo já está atuando na crise acelerando sua estratégia de transferência de plantas industriais de matérias-primas (mineração, siderurgia) e automóveis dos países imperialistas para os BRICs. A indústria automobilística, por exemplo, está fechando dezenas de fábricas nos países imperialistas e abrindo outras na China e no Brasil.

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