No governo Lula prevaleceu no PT, na CUT, na UNE e no MST a política de “governo em disputa”. Essa ideologia deixa de lado o ensinamento dos bolcheviques de se fazer uma clara caracterização de classe do governo. Para essas entidades, o governo seria “pressionado” ora pela burguesia, ora pelo movimento de massas, não tendo uma definição geral de classe.

Bastaria, portanto, mobilizar as massas a favor para conquistar “avanços”. Isso abriu espaço para o apoio ao governo, mesmo quando Lula manteve o programa neoliberal de FHC, porque “o problema era que a burguesia estava pressionando mais do que os trabalhadores”.

Agora, nas eleições, já não colava mais a idéia da “disputa”. Veio, então, o “perigo da volta da direita”. Mas, como dissemos, quem abre o caminho para a direita é o próprio governo de frente popular.

Essas ideologias são traduzidas em políticas concretas para o movimento. A CUT, a UNE e o MST recebem grandes verbas do governo, além de cargos do Estado. Segundo a Folha de S. Paulo, essas três entidades receberam mais de R$ 60 milhões nos três primeiros anos do governo, sem contar repasses das estatais. Além disso, os dirigentes dessas entidades (e ex-dirigentes) recebem cargos, como Jair Meneguelli (presidente do conselho do SESI), cujo salário mensal é de R$ 21 mil. Percebe-se que a tal “disputa” é, na verdade, sobre verbas e cargos.

Governos de frente popular preventivas têm como objetivo evitar a eclosão de uma situação revolucionária. E nisso o governo Lula foi claramente vitorioso, pois contou com o apoio fundamental dessas entidades, em particular da CUT e da UNE, que bloquearam as mobilizações de trabalhadores e estudantes.

Agora, elas querem repetir a dose. Divulgam, mais uma vez, que o segundo mandato de Lula “está em disputa”. Dependendo da pressão que for feita, o plano neoliberal “poderá ser abandonado e o governo Lula poderá dar mais ênfase às questões sociais”.
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