Debate “A Esquerda e o Conflito com a Democracia Burguesa na América Latina
Sábado, 29 de janeiro, 14h
Local: Ginásio Camisa 10

A capitulação ao regime democrático-burguês de grande parte da esquerda socialista esteve entre as preocupações dos ativistas no FSM. O debate promovido pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-econômicos (Ilaese) e pela Marxismo Vivo contou com a presença de James Petras; do ex-dirigente da FLMN Fidel Nieto; do ex-dirigente da guerrilha dos Tupamaros do Uruguai, Jorge Zabalsa, e de Valério Arcary, da Direção Nacional do PSTU.

Para Petras, as eleições seriam uma farsa para sustentar o regime. “Nenhuma decisão de nenhum governo é tomado com base nas eleições. Quem elegeu os dirigentes do Banco Mundial, do FMI, do CitiBank?”. Para ele, a transição dos regimes militares para a democracia não representou mudança para os trabalhadores: “Nunca nos últimos vinte anos houve tantas eleições na América Latina, e a fome e o desemprego só aumentam”.

Mudando de lado
Fidel Nieto, dirigente da Tendência Revolucionária, relatou sua experiência na guerrilha de El Salvador, na FLMN: “Enfrentamos um exército. Hoje, a FLMN é apenas um partido para enfeitar a democracia burguesa”.

Nieto relata que, em 1989, a guerrilha salvadorenha chegou a cercar a capital para tomar o poder, mas teve de recuar, originando sua capitulação ao regime. Os combatentes receberam até cursos de economia em universidades dos EUA para melhor se adaptarem. Hoje, o FLMN é o maior partido de El Salvador e governa as principais cidades.

Experiência similar viveu o uruguaio Jorge Zabalsa, ex-dirigente dos Tupamaros. Zabalsa, que esteve preso por 15 anos, explica como a organização guerrilheira abandonou os trabalhadores para se dedicar às eleições. Hoje, muitos estão no governo de frente popular de Tabaré Vázquez.

Valério Arcary, que viveu a experiência da adaptação do PT ao regime, lembrou a capitulação da esquerda desse partido ao regime. “De todos os cargos oferecidos pelo governo à esquerda do PT, nenhum deles foi recusado”, disse. “Um partido revolucionário não se constrói como uma escola de samba, com várias alas. Mas sim centralizado”, advertiu Arcary, dizendo que impossível existir um partido para tomar o poder, com revolucionários e reformistas. “Revolucionários e reformistas só podem se unir sob um programa reformista”, disse. Valério ainda lembrou que um partido só pode se manter revolucionário sendo independente, não aceitando dinheiro da burguesia. “Temos orgulho em militar em um partido que vive das contribuições de seus militantes e dos trabalhadores”, concluiu.

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