As eleições municipais acabaram, e a vida dos trabalhadores só vai piorar. Não pela derrota do PT, mas porque tanto o PT como a oposição de direita têm acordo no fundamental: a manutenção da política econômica que arrocha os trabalhadoresO PT começa a pagar o preço eleitoral da aplicação do mesmo plano neoliberal de Fernando Henrique. Lembremos que foi a experiência negativa com a política econômica que possibilitou a vitória de Lula em 2002, com a promessa de mudanças. Mesmo com toda a campanha de mídia sobre o crescimento econômico, o governo sai derrotado das eleições.

As derrotas no segundo turno em São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belém (PA), Curitiba (PR), e Goiânia (GO) foram um duro golpe no governo e no PT. Somadas a derrotas importantes ocorridas no primeiro turno, como no Rio de Janeiro, o resultado confirma uma derrota política do PT nas eleições municipais.

Em São Paulo, além de perder a capital (a mais importante do país), o PT foi derrotado em cidades operárias de peso como São Bernardo, São José dos Campos e Campinas, além de Santos, Riberão Preto e Piracicaba. No Rio Grande do Sul, perdeu Porto Alegre (sua vitrine internacional, sede do Fórum Social Mundial), administrada há 16 anos pelo partido, e em cidades de peso como Caxias do Sul e Pelotas, segunda e terceira cidades do estado, que eram administradas pelo partido.

Em Santa Catarina, não chegou ao segundo turno em Florianópolis, e perdeu cidades como Joinville e Blumenau, também controladas pelo PT. No Paraná, perdeu em Curitiba, Ponta Grossa e também em Maringá (nas duas últimas o partido dirigia as prefeituras). No Rio de Janeiro, teve uma derrota humilhante (6%, abaixo do patamar histórico de 15% do partido), mas cresceu em Nova Iguaçu com Lindberg Farias aliado ao PFL de César Maia.

De conjunto, o PT passou a controlar mais prefeituras em todo o país (passando de 187 para 411 cidades), mas teve uma derrota política: perdeu nos centros mais industrializados e politizados e cresceu nas cidades médias e pequenas. Nas 96 maiores cidades (as capitais e cidades com mais de 150 mil eleitores), o PT dirigia 29 prefeituras, que abrangiam 19,7 milhões de eleitores. Cai agora para 24 prefeituras, com 10,1 milhões de eleitores. Do Rio de Janeiro em direção ao Sul do país – a região mais industrializada e politizada – o PT não vai administrar nenhum das capitais.

O PT está mudando sua base social

O PT está mudando sua base social. Além de crescer no interior, em cidades médias e pequenas, retrocedendo nas maiores capitais, existe também um deslocamento social progressivo em sua base.

Alguns jornais e dirigentes do PT estão difundindo a versão de que o PT perdeu “entre os ricos” e ganhou “entre os pobres”. Isso não passa de uma invenção grosseira. A verdade é que o PT perdeu nos maiores centros por um deslocamento de seu apoio dos setores mais politizados dos trabalhadores e da juventude, que tradicionalmente eram sua base de apoio, como os bancários de grande parte do país, uma parte dos metalúrgicos e o funcionalismo público federal, para se apoiar nos setores mais despolitizados e dependentes das “políticas sociais compensatórias” e clientelísticas, como a distribuição de uniformes escolares, leite etc.

Post author Eduardo Almeida, da redação
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