Os trabalhadores no Brasil seguem sem ter consciência do que nos espera com a crise econômica internacional. Uma coisa de extrema gravidade está se passando. Está em curso a mais grave crise da economia capitalista em oitenta anos, e os trabalhadores seguem enganados pelo governo.

Lula começou dizendo que as conseqüências para o Brasil seriam imperceptíveis. Agora, já admite que o país será atingido, mas continua falando que pelos acertos do governo o Brasil será pouco afetado. A oposição de direita tem um discurso semelhante. É a demonstração mais clara de que nenhum dos dois blocos da burguesia merece o voto dos trabalhadores neste segundo turno. A melhor opção é pelo voto nulo.

Porque escondem a crise?
É hora de se perguntar porque tanto o governo como a oposição de direita escondem a crise? A resposta é que os dois blocos serão afetados por ela. O sentimento de continuísmo que fez com que os partidos da situação (no plano federal, estadual e municipal) ganhassem a eleição está apoiado no crescimento econômico atual. É isso que permite a falsa idéia da “competência” do “trabalho” dos governantes, capitalizada nessas eleições. Nem o governo nem a oposição de direita querem acabar com isso.

O Brasil vai ser afetado pela crise?
Tanto o governo como a oposição de direita minimizam os efeitos da crise dizendo que o Brasil pode escapar em razão dos “sólidos fundamentos da economia”.

A pergunta que cabe então é quais são estes fundamentos? A única coisa que eles são capazes de responder é que Lula cumpriu com todas as exigências dos banqueiros imperialistas e por isso será poupado.

Por um lado isso é verdade, pois o governo fez tudo o que os bancos e multinacionais exigiam. Mas isso não imuniza o país de uma forte crise. Ao contrário, vai ampliar seus efeitos. Por ter feito tudo o que os bancos estrangeiros e as multinacionais queriam, o Brasil está complemente exposto à economia mundial.

Exposto pela queda das exportações, inevitável com a recessão internacional. Exposto pelo controle da economia por multinacionais que decidem o que e quanto investir em função do que lhe digam suas matrizes. A GM do Brasil não vai decidir, por exemplo, o que vai produzir em meio a crise de sua matriz.

Outro argumento do governo é que a reserva de 200 bilhões de dólares protegem o Brasil da crise. Mas em uma semana, para conter a alta do dólar, o governo teve de comprar três bilhões de dólares.

E os pacotes?
Lula já gastou 160 bilhões em medidas que favorecem aos banqueiros. Isso significaria um aumento de 300 reais do salário para todos que ganham até um salário mínimo. Significaria uma quantia quatro vezes maior que todos os gastos com o Bolsa família desde que foi implantado há cinco anos.

Ao contrário do que o governo fala essa medida não ajuda a todo o país. É apenas uma medida para ajudar os banqueiros.

É possível evitar a crise no Brasil?
Sim, é possível. Para isso, seria preciso romper com o capitalismo. Mesmo na crise de 1929, a União Soviética crescia a taxas superiores ás da China nos dias de hoje. É preciso romper com o imperialismo, expropriar as grandes empresas e assumir uma economia planificada.

Como medidas imediatas, propomos a estatização do sistema financeiro, mas não para salvar os banqueiros como o governo Bush. Queremos a estatização sem indenizações e sob controle dos trabalhadores, para evitar a fuga de capitais e reordenar a economia do país. Defendemos a expropriação das empresas que demitam trabalhadores e um plano de obras públicas para absorver os desempregados.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 358
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