Há uma nova situação política na região. Os novos governos, no entanto, são o maior obstáculo a uma vitória revolucionária

Não se pode entender a América Latina de hoje sem olhar para a crise do imperialismo.
As invasões do Afeganistão e Iraque são as faces mais visíveis da nova ordem que o imperialismo norte-americano quer impor ao mundo, depois da queda dos Estados do leste europeu. Essa política tem uma base econômica fundamental no estímulo da indústria armamentista, e não por acaso Bush a lançou em 2001, quando a crise econômica já evidenciava o declínio do neoliberalismo.
As rápidas vitórias militares no início desembocaram em crises de dimensões inesperadas. A resistência iraquiana está colocando o imperialismo norte-americano prestes a enfrentar sua segunda derrota militar (a primeira foi no Vietnã). A burguesia dos EUA está dividida: os democratas e uma parte dos republicanos (que inclui até Henry Kissinger) defendem uma negociação com o Irã para uma saída do Iraque.

Mas a resposta de Bush é fugir para adiante. Patrocinou a execução de Saddam Hussein com requintes fascistas e agora está enviando mais vinte mil soldados para o Iraque. Não se descarta a possibilidade de invasão do Irã, diretamente ou através de Israel. Para usar uma frase de Nahuel Moreno, é como se um bombeiro louco quisesse apagar o fogo lançando mais gasolina.

A outra face da crise do imperialismo se expressa nos planos neoliberais. Mesmo em períodos de crescimento da economia mundial, como agora, a miséria cresce. O resultado é o desgaste político crescente desses planos.

A combinação das invasões militares com a crise dos planos neoliberais é impressionante: existe um antiimperialismo amplamente difundido em todo o mundo, talvez ainda maior do que o existente no auge da luta contra a guerra do Vietnã.

Não se podem tirar daí conclusões impressionistas, porque o imperialismo norte-americano segue sendo hegemônico, econômica, política e militarmente. A isto se junta o papel do imperialismo europeu, crítico de Bush, mas que se aproveita de suas invasões. Sobra ainda a alternativa dos democratas, que pode gerar novas expectativas num futuro governo dos EUA.

Mas estamos perante uma crise do imperialismo, sem perspectivas de solução a curto prazo, que incide sobre a situação da América Latina. Mais ainda, está no horizonte uma nova crise cíclica da economia mundial. Lembremos que a crise passada (2000-2001) foi a base para explosões na Argentina e no Equador, bem como para a vitória de Lula.

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