Milhões de dólares transportados nas cuecas ou em malas alimentam, dia após dia, a avalanche diária de denúncias de corrupção. Nos últimos episódios desse espetáculo de horrores, uma cueca recheada de dólares, transportada por um assessor do irmão de José Genoíno, derrubou o presidente do PT.

Dias depois, o deputado estadual João Batista (PFL-SP), foi detido no aeroporto porque carregava sete malas com mais de R$ 10 milhões em dinheiro vivo. A Igreja Universal, à qual pertence o deputado, tentou desmontar o escândalo, com a versão de que se tratava de “doações de fiéis”, e que o transporte de dinheiro era normal. Na verdade, ninguém neste país anda por aí com dinheiro vivo, e muito menos com dez milhões de reais, a não ser os que querem escapar dos controles financeiros para acobertar a corrupção.

Os dois episódios são emblemáticos e mostram que tanto o PT como a oposição burguesa se utilizam dos mesmos expedientes de corrupção: desvio de dinheiro nas estatais, mensalão, e grandes somas de dinheiro em malas ou cuecas.

Isso desmonta a hipocrisia da oposição burguesa, que aposta no esquecimento da população para voltar a roubar. Aliás, muitos dos esquemas do governo atual foram montados durante o período de FHC. Marcos Valério tem profundas ligações com Aécio Neves, do PSDB, governador de Minas Gerais, e muitos de seus contratos com o governo federal vêm desde os tempos de Itamar Franco. O esquema de corrupção na Previdência, denunciado no Rio de Janeiro, vinha desde o ministro Waldeck Ornelas de FHC até Amir Lando no governo Lula. É tudo farinha do mesmo saco.

PSDB propõe a Lula desistir da reeleição

A revista Veja, com suas denúncias sobre o filho de Lula, não indica que a oposição burguesa esteja querendo o impeachment de Lula, mas um acordo que evitaria sua participação nas eleições de 2006. As negociações estão se dando ao redor do fim da reeleição em todos os níveis – presidência, governadores e prefeitos. Assim, Lula estaria fora do páreo nas eleições de 2006, abrindo terreno para outra candidatura petista – a mais discutida é a de Palocci.

Lula ainda está tentando se recuperar da crise, mas, caso não consiga, esse acordo poderia ser concretizado. Muitos ministros, especialmente Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, tratam seriamente esta hipótese. Seria o melancólico fim do governo Lula.
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