Alguns companheiros defendem que, além de a Conlutas ser independente dos patrões, do Estado e dos governos, seja também independente dos partidos. Pensamos que, em relação aos partidos, grupos e correntes políticas, a Conlutas deve ser autônoma e não independente. Expliquemos.

A Conlutas é uma frente de entidades e organizações dos movimentos sociais. É constituída por sindicatos, associações, movimentos sociais, etc. Portanto, não é uma frente constituída por partidos, como é o caso de uma frente eleitoral ou algo semelhante. Ou seja, é uma frente apartidária. Assim, participam dela todos os que fazem parte das entidades: os que são organizados em partido, correntes e grupos, os independentes, os sem partido, etc.
Defini-la como uma frente de entidades que representam os diferentes movimentos sociais, uma frente apartidária, não significa dizer que os partidos, correntes e grupos não podem atuar na Conlutas. Não só podem como devem. Até porque a organização em partidos permite a apresentação de propostas mais elaboradas.

Quando falamos de autonomia da Conlutas em relação aos partidos, queremos dizer que a nova entidade deve ter sua própria estrutura política, administrativa e financeira. Suas instâncias de decisão são as únicas com soberania. Assim, não cabe aos partidos, correntes e grupos, decidirem pela Conlutas em nenhum aspecto.
Dizer tudo isso não significa que a Conlutas deve ser apolítica. Ela pode e deve ter opinião e posições políticas. Qualquer luta em defesa de uma reivindicação, por menor que seja (redução do preço do feijão, por aumento de salário, por reforma agrária) é uma luta política. E, como em toda luta, não há neutralidade. Ou se está de um lado ou de outro. A suposta neutralidade sempre estará a serviço do mais forte.

Assim, a independência dos partidos, correntes ou grupos, no sentido político, é impossível. Mesmo que a Conlutas fosse constituída somente pelos sem partido, sem corrente e sem grupo, logo, de alguma maneira, eles se constituiriam. Estas organizações, ao evoluirem, inevitavelmente dariam origem a partidos, na medida em que estes são a forma mais avançada de reunião de pessoas com idéias comuns. Isso ocorreria porque é impossível que idéias, propostas e programas comuns, em choque com outros diferentes, não levem a uma aproximação natural entre as pessoas.

Do ponto de vista político, não existe independência: ou uma entidade adota uma orientação conciliadora e traidora, quando no seu interior predominarem opiniões de pessoas, grupos, correntes ou partidos reformistas; ou, pelo contrário, adota uma orientação de luta e independência de classe se no seu interior prevalecer uma maioria de revolucionários.

Como dissemos, do ponto de vista político não há neutralidade. Falar em independência política da Conlutas em relação aos grupos, correntes e partidos é uma grande confusão. A verdadeira crítica não deve ser dirigida aos grupos, correntes ou partidos, mas à política que os mesmos defendem frente às entidades.
Post author Luiz Carlos Prates, o `Mancha`, diretos do Sindicato dos Metalurgicos de São José dos Campos (SP)
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