Os metroviários acabam de realizar uma forte campanha salarial em que bateram de frente com a direção do Metrô, o governo estadual e a Justiça. O Opinião Socialista conversou com Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São PauloQual a sua avaliação da Campanha Salarial?
Foi uma campanha que retomou a participação da categoria. Assembleias massivas como há muitos anos não se via, reuniões de negociação com ampla participação da base chegando a ter mais de 120 metroviários, e grande adesão ao uso do colete com o slogan ‘Chega de Sufoco’. Só no mês de maio lançamos 4 cartas abertas à população, defendendo a redução da tarifa do transporte de São Paulo, denunciando a superlotação do metrô. Exigimos também mais investimentos no metrô público, estatal e de qualidade e, por fim, conseguimos avançar além do limite imposto pelo governo.

Quais foram os avanços conquistados pelos metroviários durante a negociação?
Conseguimos reajuste de 8%, Licença Maternidade de 180 dias, o vale-alimentação que passou de R$ 100 para R$ 150, e participação nos resultados que teve um aumento médio de 10%. Avançamos também em questões como o reenquadramento de algumas funções e na equiparação salarial, entre outros temas.

Havia uma expectativa de que os metroviários entrariam em greve, por que isso não ocorreu?
As assembleias cresciam e marcamos greve para 1º de junho. Quando entramos na quadra da assembleia recebemos a informação que os ferroviários e trabalhadores da Sabesp votaram greve para o mesmo dia. Aí a oportunidade era histórica, os ferroviários há 16 anos que não entravam em greve e poderíamos juntos pressionar o governo. Além disso, a Emtu e rodoviários do ABC também marcaram greve. O reajuste oferecido pelo Metrô era de 7,77%. Mas a Intersindical, que é parte importante da diretoria, defendeu fechar o acordo. E a empresa propôs no meio da assembleia o reajuste 8%.

Continuamos defendendo a greve para pressionar o governo com a unificação das categorias. A assembleia se dividiu. Se toda a diretoria estivesse unificada pela defesa da greve, a insegurança seria superada e teríamos uma greve histórica de todo o sistema metroferroviário. Diante disso defendi que, com a categoria dividida, era melhor adiar a greve.

Essa foi a primeira Campanha Salarial dirigida pela nova diretoria eleita ano passado. Qual foi a diferença entre as campanhas anteriores?
A principal diferença foi a categoria voltar a acreditar nas suas próprias forças, com ampla mobilização, participação em todas as atividades, principalmente das assembleias. Dialogamos com a população, defendendo uma outra visão de transporte para o caos instalado na cidade. Também conseguimos construir um trabalho com os três sindicatos dos ferroviários que atuam na CPTM. Os trabalhadores perceberam que o sindicato estava de volta às suas mãos.

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