A tentativa de bloqueio da marcha pela CUT e pela UNE já era esperada. Mas a ausência do MST é diferente, porque este movimento esteve presente com peso na mobilização de 23 de maio em todo o país e chegou a fazer parte de reuniões de preparação da marcha.

A ausência do MST em Brasília ocorreu porque não houve, até agora, uma ruptura real do movimento com o governo. Sua direção segue com expectativas em Lula, achando que seu governo “está em disputa”. Segundo os companheiros, existem duas alas no governo Lula, uma de direita, outra de esquerda. Ele não teria, portanto, um caráter definido. Por isso, a direção do MST faz críticas a Lula, mas não rompe com ele.

Este é um erro grave dos companheiros. O governo Lula é uma totalidade, que serve à dominação da grande burguesia tanto na cidade quanto no campo. Existe uma clara lógica do governo a serviço do agronegócio. É por isso que a reforma agrária não avança. Por isso Lula decidiu-se pelo plano do etanol, pela transposição do rio São Francisco, pelos transgênicos, etc.

É por isso, também, que a violência no campo continua impune. Nos dias que precederam a marcha, um líder sem-terra foi morto numa emboscada no Pará e outro no Paraná. Com Lula, segue a impunidade dos jagunços dos latifundiários e do agronegócio.

Perguntamos à direção do MST: para exigir a punição dos assassinos dos dois dirigentes sem-terra, não teria sido melhor a presença de uma forte coluna do movimento na marcha? Na luta pela reforma agrária, não é fundamental a aliança com os metalúrgicos, operários da construção civil, bancários, petroleiros, professores e estudantes que estão na luta contra o governo?

Na verdade, a aliança com o governo Lula só enfraquece a luta dos sem-terra. Chamamos o MST a romper com o governo e se unir com os outros trabalhadores e movimentos que realmente querem lutar.
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