A arte a serviço da luta dos trabalhadores

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Fabiana Wolf, de São Paulo (SP)

Fabiana Wolf, do PSTU (SP) e Wilson Honório da Silva, da Secretaria Nacional de Formação do PSTU

Desde muito antes dos eventos que levaram à criação do 1º de Maio, artista sintonizados com as lutas do povo explorado e oprimido colocaram criatividade, sensibilidade e talento a serviço da representação e reflexão sobre o mundo do trabalho e a rebeldia contra o capitalismo.

Ao fazerem isto, eles e elas colocaram em prática um importante princípio que norteia a relação dos socialistas revolucionários com o fazer artístico e foi sintetizado no “Manifesto Por uma Arte Revolucionária Independente”, lançado, no México, em 25 de julho de 1938, como um apelo à construção da Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente (FIARI), depois de uma série de debates que envolveram o revolucionário russo Leon Trotsky e o surrealista francês André Breton.

Nele, a defesa enfática em relação à toda independência e liberdade aos artistas e seu trabalho, é acompanhada por uma observação bastante importante, oposta tanto aos desmando repressores tanto do capitalismo quanto de distorções autoritárias e retrógadas do marxismo, como o stalinismo e seu “realismo socialista”, quanto ao “indiferentismo político” daqueles que se distanciam dos sonhos e angústia do mundo em que vivemos e fazem da Arte um mero instrumento de seu próprio narcisismo ou do sucesso financeiro.

O artista só pode servir à luta emancipadora quando está compenetrado de forma subjetiva de seu conteúdo social e individual, quando faz passar por seus nervos o sentido e o drama dessa luta e quando procura livremente dar uma encarnação artística a seu mundo interior”, lembram Trotsky e Breton.

Por isso mesmo, exatamente pela importância que a data ganhou na história da luta de classes, há muitos trabalhos, principalmente no campo das artes gráficas (cartazes), feitos especificamente para celebrar o “Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores”.

Aqui, selecionamos alguns poucos exemplos, com não só com o objetivo de resgatar e celebrar estes belos trabalhos, mas também lembrar que nossa luta é, também, um combate pela liberação do ser humano de tudo aquilo que cerceia e limita sua capacidade de imaginação e expressão. É preciso dizer que não temos acordo ou concordância ideológica ou políticas com todas as organizações para as quais os materiais foram produzidos, a não ser naquilo que eles expressam a defesa da luta contra a exploração.

Os trabalhos foram selecionados em parceria com Fabiana Wolf, companheira do PSTU de São Paulo, militante do Coletivo de Artistas Socialistas (CAS), filiado a CSP-Conlutas, e artista plástica. Privilegiamos alguns exemplos “históricos”, vinculados a momentos chaves da lutas de classes e as imagens estão apresentadas em ordem cronológica.

1849

Começamos com quadro, “Os quebradores de pedra”, pintado, na França, décadas antes dos eventos que levaram à criação do “1º de Maio”, mas diz muito sobre porque e como os trabalhadores se rebelaram em 1886. O quadro (lamentavelmente destruído num bombardeio, na II Guerra) foi feito em 1849, ou seja, um ano depois da chamada “Primavera dos Povos”, o movimento que, através de um processo generalizado de greves, na Europa, marcou a entrada em cena da classe operária na luta contra a burguesia que, 50 anos antes, havia tomado o poder, na Revolução Francesa, prometendo “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Vale lembrar que 1848, também, é o ano de publicação do “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels.

O pintor, Gustave Courbet (1819-1877), figura de ponta de um movimento artístico conhecido como “Realismo Social” e militante socialista nos leva a outro marco que pavimentou o caminho para 1886: a “Comuna de Paris”, quando os trabalhadores, pela primeira vez na História, tomaram o poder em suas mãos (mesmo que por apenas 71 dias, entre março e maio de 1871).

A obra é cheia de simbolismos. Um jovem e um velho, ambos “sem rostos”, representam tanto o consumo de toda uma vida, dedicada ao trabalho árduo (em jornadas que chegavam até 17 horas ou mais), até que mal se consiga manter em pé, quanto a brutalidade de um sistema que arranca até a identidade daqueles que são vistos apenas como “mais um” trabalhador. O movimento dos corpos e ferramentas simboliza a passagem do tempo (como nos ponteiros de um relógio), tanto do trabalho quanto da vida.

1850´s

O cartaz, sem data, pode ser uma reprodução contemporânea. Mas, imagens similares eram reproduzidas com freqüência a partir, principalmente, dos anos 1850´s, quando, na esteira da II Revolução Industrial, que fez explodir a quantidade de fábricas e o ritmo da produção, a  do uso de novos combustíveis, como o petróleo, e da eletricidade, as jornadas de trabalhos longas e exaustivas se combinavam com árduas condições de trabalho, enquanto as condições de vida só pioravam.

No cartaz, se justifica o porquê da defesa das 8 horas: uma divisão do dia em tempos iguais “para trabalhar”, “para descansar” e “para fazer o que se tenha vontade”.

1890’s

“A árvore (ou “o tronco”) de Maio dos trabalhadores” e “Solidariedade da classe trabalhadora”

Estas duas imagens, publicadas originalmente na Inglaterra, em meados dos anos 1890, literalmente rodaram o mundo durante as celebrações do 1º de Maio, no final dos anos 1800 e as primeiras décadas dos anos 1900, até mesmo por poderem ser facilmente reproduzidas (pela técnica da xilogravura).

Ambas estão carregadas de simbolismo que, inclusive, dialogavam com as tradições dos povos europeus e imigrantes nos Estados Unidos. A primeira se remete à Antiguidade e às tradições pagãs que resistiram à imposição do Cristianismo, sendo celebrada, até hoje, coincidentemente, no dia 1º de Maio: a festividade do Maypole (árvore ou tronco de Maio).

Relacionado aos ritos de fertilidade do início do Verão, o ritual consiste na instalação de um tronco em um espaço comunitário e, durante a celebração, mulheres amarram fitas, enquanto dançam ao seu redor. Apesar das muitas versões para ritual, acredita-se que é uma celebração da unidade entre o “masculino” e o “feminino”, consequentemente, da fertilidade.

No cartaz, a “árvore” segura uma faixa onde se lê “socialização, solidariedade, humanidade”, cercada de bandeiras onde estão frases que remetem à classe operária, como “A classe trabalhadora é a esperança para o mundo”. Já nas fitas, estão impressas reivindicações: “responsabilidade civil dos empregadores” (obrigações relacionadas à segurança, saúde etc. do trabalhador), “oito horas”, “condições dignas de vida”, “lazer para todos” e “nenhuma criança faminta”, dentre outras.

Já em “Solidariedade da classe trabalhadora”, uma figura que segura faixas com os lemas da Revolução Francesa (“igualdade, liberdade, fraternidade” é cercada por trabalhadores dos cinco continentes.

As gravuras foram criadas por Walter Crane (1845-1915), um ilustrador (famoso por seus trabalhos em livros infantis) e pintor, pertencente a um movimento conhecido como “Arts e Crafts” (“artes e ofícios”), que combatia a elitização da arte, defendendo a não distinção entre os chamados “artistas” e “artesãos”, uma ideia bastante coerente com seus ideais socialistas que, mesmo mergulhados no idealismo, o manteve sempre próximo das lutas de sua época. Produziu para a maioria dos jornais socialistas do Reino Unido (inclusive alguns anarquistas), foi dirigente sindical dos artistas e, se fazia presente nas manifestações. Inclusive, em 1887, um ano das execuções em Chicago, durante uma passagem pelos Estados Unidos, colocou sua carreira em risco ao se pronunciar publicamente contra o assassinato dos trabalhadores.

1900´s

Nos anos posteriores às execuções em Chicago, os Mártires de Haymarket (a praça onde ocorreu o protesto que levou à prisão dos trabalhadores) foram constantes reivindicados como responsáveis pela criação do “Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores”. Nesta charge, um deles, sangrando e no seu último suspiro, ajuda o trabalhador a ergue a bandeira do “1º de Maio”.

1919

“Trabalhadores não têm nada a perder, a não ser suas correntes”

Produzido na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, no segundo ano da Revolução e, também, da celebração do 1º de Maio como um feriado (que era proibido pelo czarismo até fevereiro de 1917, apesar de constar, anualmente, desde o final dos anos 1800), o cartaz mostra um trabalhador russo cercado pr representantes de várias etnias e do mundo, numa representação de que o internacionalismo que, até então, guiava a III Internacional, iria fazer com que a bandeira vermelha cravada no solo russo iria tomar conta do mundo. A frase é de Karl Marx.

O artista é Aleksandrs Apsītis (1880-1943). Nascido na Letônia, mudou-se para São Petersburgo, o centro da agitação política na virada dos séculos 19 para o 20, onde estudou Artes Gráficas, especializando-se na produção de cartazes, ilustração de jornais e, também, de livros para grandes autores russos de sua época, como A. Chekhov e M. Gorky. Durante a Guerra Civil Russa, nos anos 1920, Apsītis desenhou cerca de 50 cartazes de agitação.

1919

“1º de Maio”

O cartaz, que ficou conhecido como “O homem vermelho com o martelo”, foi produzido para celebrar o 1º de Maio em um ano fundamental na história da Hungria. Em 1919, o país viveu uma tumultuada experiência revolucionária, tornando-se, por exatos 133 dias, na República Soviética da Hungria.

A revolução, evidentemente, foi inspirada pela Revolução de 1917, na Rússia, particularmente pelos chamados de Trotsky pelo boicote a I Guerra Mundial e pela união dos soldados com os trabalhadores e camponeses para lutarem contra seus generais, governo e o sistema que representavam. Contudo, apesar das tentativas de Lênin em orientar o processo, uma série de eventos, dentre eles um governo composto pela aliança entre o Partido Comunista o Social Democrático levaram a um desfecho desastroso.

O autor, Mihály Biró (1886 – 1948), é reconhecidamente um dos fundadores do cartaz político, tendo produzido inúmeras obras durante sua agitada vida e influenciado gerações, tanto na Europa quanto nas Américas. Era membro do Partido Social Democrático e, depois da derrota da revolução, exilou-se, viajando por vários países da Europa, onde continuou produzindo materiais para campanhas políticas e sociais.

1920

“Viva o feriado dos trabalhadores de todo o mundo”

Produzido na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o cartaz celebra a liberdade (comumente representada, na Arte, como uma figura feminina) conquistada pelos trabalhadores em luta. Foi feito por Sergei Ivanov (1885-1942), artista gráfico e, também, produtor de cenários e objetos para o teatro.

Sua produção concentra-se nos anos 1920 e ele é comumente citado como relacionado aos bolcheviques, inclusive tendo produzido vários cartazes e pôsteres para a propaganda e campanhas (de incentivo à alfabetização, ao acesso à cultura e propagação da arte), durante os primeiros anos da revolução.

1928

O cartaz, feito na ex-URSS, é típico da estética de um movimento artístico-político chamado Construtivismo, que começou na Rússia, em 1919, como reflexo da Revolução e se espalhou pelo mundo, logo depois, ganhando expressões no teatro, cinema, arquitetura, literatura e outros campos da Arte. Em solo soviético, alguns de seus principais representantes foram o diretor teatral Meierhold, o cineasta Sergei Eisenstein e o Vladimir Maiakovski.

O movimento queria abolir a ideia de que a arte é um elemento especial da criação humana, separada do mundo cotidiano e tinha como objetivo inspirar nas novas perspectivas para ver, sentir, pensar e representar o mundo, utilizando novas técnicas e materiais modernos e servindo a objetivos sociais e a construção de um mundo socialista.

A partir do Congresso dos Escritores de 1934, o movimento construtivista foi literalmente banido da ex-URSS, já que a única forma de arte admitida pelo stalinismo era Realismo Socialista e todas as

1937

“Primeiro de Maio. Unidade. Vitória”.

O cartaz foi produzido durante a Revolução Espanhola (1936-1939), quando os trabalhadores e amplos setores do povo espanhol, dirigidos por republicanos, nacionalistas, socialistas (de várias tendências) e comunistas, lutaram contra as forças do general Francisco Franco e a monarquia que, lamentavelmente, saíram vitoriosos, impondo uma ditadura que se manteria no poder até 1975.

O cartaz foi produzido pelas Brigadas Internacionais (cerca de 40 mil combatentes – dos quais 10 mil morreram –, de vários países do mundo, incluindo do Brasil). Nele, um soldado do Exército Popular, com uma estrela vermelha de cinco pontas, e um brigadista, com a estrela de três pontas, celebram a solidariedade internacional.
O artista, Giandante (pseudônimo de Dante Pescó), era adepto do anarquismo e trabalhou para Serviço de Propaganda do Comissariado Geral das Brigadas Internacionais.

1968

“A luta continua”, “Trabalhadores, a luta continua: formem comitês de base” e “Viva as ocupações de fábricas”

O “Maio Francês” teve início um dia depois das comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, quando estudantes da Universidade de Nanterre fizeram um protesto contra a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres. O protesto, na verdade, serviu como um estopim para uma série de insatisfações, refletindo, também, a rebeldia e revolta que varriam o mundo no período.

Na França, os estudantes logo apontaram para os verdadeiros inimigos: o general- presidente Charles de Gaulle, exigindo sua renúncia e a convocação de novas eleições, e o sistema capitalista. Em nível internacional, a onda de manifestações foi impactada e impactou um vigoroso processo de lutas, que incluíam as lutas pela independência na África (em muitas ex-colônias francesas, inclusive), os protestos contra a Guerra do Vietan, os movimentos de mulheres, negros e LGBTIs, principalmente nos Estados Unidos, as lutas na América Latina, dentre outros.

As lutas estudantis e contra o conservadorismo francês ganharam rapidamente o apoio da classe operária, dando origem, no dia 18 de maio, a uma das mais impressionantes greves gerais da história do país, com a paralisação de cerca de 10 milhões de trabalhadores.

O movimento, até hoje, é um exemplo da unidade operário-estudantil e da combinação da luta contra a opressão (cultural, comportamental, social etc.) e a exploração capitalista e seus governos de plantão. A produção gráfica, os grafites e as pichações, de extrema criatividade, foi uma das marcas do processo, inclusive nos meses posteriores, enfatizando a necessidade da continuidade da luta.

1973

“1º de Maio”

O cartaz foi produzido pela “União Operária Metalúrgica” (UOM), da Argentina, no momento que uma ditadura instalada em 1966 estava prestes a cair. O regime ditatorial havia proibido os partidos políticos, assim como qualquer tipo de organização política e movimentos sociais, deixando o país em Estado de Sítio quase que permanente, com duros ataques aos direitos civis, sociais e políticos.

1977

“Dia de solidariedade com o povo palestino”

O cartaz foi produzido para o FATAH (Movimento de Libertação Nacional da Palestina), organização político-militar, fundada em 1958 por Yasser Arafat e, então, uma das principais alas da Organização de Libertação da Palestina (OLP) por Emile Menhem.
Menhem é um designer gráfico, pintor, crítico de arte e escritor libanês, militante da causa palestina desde muito jovem, tendo ilustrado um número impressionante de cartazes, livros e materiais impressos. Em 1982, após a invasão do Líbano em 1982, o artista foi obrigado a fugir para Paris, juntamente com numerosos outros intelectuais, ativistas e militantes árabes, onde continuou produzindo material de propaganda.

1980’s

“Primeiro de Maio. Feriado público. Viva a luta dos trabalhadores”, “O povo deve governar”, “Trabalhadores do mundo, uni-vos. O Primeiro de Maio é nosso”, “Legalizem o CNA: em direção ao socialismo”

Em meados dos anos 1980, depois de 40 anos sob o regime radicalmente segregacionista do apartheid (que quer dizer “separados”), na África do Sul, as lutas ganharam um enorme impulso, com a reorganização de entidades políticas e movimentos sociais. Como discutido no livro “Images of defiance” (“Imagens de desafio”, que traz a história do país contada através de cartazes), o país vivia uma situação de crise revolucionária, com a constituição de organismos de auto-organização em todos os setores da classe e da população.

“São os anos 1980 que entrarão para a História como a década das organizações de massas. Nos últimos dias de 1989, estas organizações tinham se tornado tão persistentes e fortes que estava claro que estava prestes a acontecer uma mudança decisiva: da política de resistência para a política de transformação” (p. 14), afirmam os autores, que destacam, ainda, que “o aspecto mais significante destes movimentos é que eles estabeleceram estruturas profundamente enraizadas [nas comunidades] que envolveram pessoas comuns no processo de decisão. Isto era feito através do sistema de comitês por ruas e áreas” (p. 74)

A celebração do 1º de Maio era proibida. Contudo, como exemplo da radicalização, ano após ano, a data se transformava em dia de protestos, paralisações e greves, assim como outros significativos na longa história de lutas contra o regime, como o “16 de junho” (em memória aos mortos no Massacre de Soweto, quando crianças foram mortas em protesto contra o sistema educacional racista, em 1976) e “26 de julho” (lançamento da “Carta da Liberdade”, em 1955) e “21 de março” (Massacre de Shaperville, quando dezenas foram mortos na luta contra os “passes”, que limitavam a circulação dos grupos não-brancos).

A “Carta da Liberdade”, aprovada pelos movimentos no início dos anos 1950, com 10 pontos, começando pela palavra de ordem “O povo deve governar”, servia como programa para o movimento. Como se sabe, no final da década, a principal direção do movimento, o Congresso Nacional Africano (CNA), iniciou um processo de transição baseado na “reconciliação” e, principalmente, na conciliação de classes. Nelson Mandela, apesar de continuar preso (desde o final dos anos 1960), dirigiu pessoalmente este processo.

E o resultado não poderia ter sido outro: hoje, 30 anos depois da extinção das leis segregacionistas, os sul-africanos vivem sob o que chamam de “apartheid neoliberal” que faz com que a maioria dos não-brancos (com exceção daqueles que enriqueceram e se aburguesaram sob a sombra do governo) vive em condições econômicas e sociais muito semelhantes àquelas anteriores aos anos 1990.

1981/1982

“Viva a luta proletária” e “1º de Maio”

O cartaz foi produzido em um momento de grandes lutas contra o Estado-apartheid de Israel, dois anos depois da Revolução do Irã, em 1979, o assassinato do presidente egípcio Muhammad Anwar Al Sadat, em função de seu apoio aos acordos com o imperialismo internacional e o Estado Sionista que, neste mesmo ano, anexou o território das Colinas de Golan e, no ano seguinte, promoveu uma violentíssima invasão do Líbano.

O segundo cartaz foi produzido pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP), no mesmo contexto, em 1982. Todos estes processos foi acompanhado por uma heróica resistência dos povos palestinos e árabes, contando com ampla solidariedade internacional.

1983

O cartaz, sem identificação de origem, foi produzido nos anos finais da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). Neste ano, ocorreram as primeiras manifestações do movimento “Diretas, já!” que, nos meses seguintes, levaria milhões às ruas de todo o país, com atos com mais de um milhão de pessoas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
O movimento foi antecedido por um longo e intenso processo de lutas, desde o momento do golpe, mas particularmente forte a partir de meados dos anos 1970, em ondas iniciadas com protestos contra o assassinato de presos políticos, como o jornalista Vladimir Herzog e o metalúrgico Santos Dias (1975/76); a luta pela Anistia dos presos políticos e exilados (1977); greves de professores, bancários e outras categorias, a partir de 1978; o movimento contra a carestia, encabeçado pelo movimento popular e amplos setores da população, com destaque para as mulheres e, o poderoso movimento grevista dos metalúrgicos, logo em seguida.

Todo este processo foi acompanhado por um vigoroso processo de retomada dos sindicatos das mãos dos pelegos, reorganização dos movimentos sociais, inclusive o mulheres, negros e negras e LGBTI – com a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Somos: Grupo de Afirmação Homossexual, ambos em 1978, contando com importante participação da Convergência Socialista, um dos grupos que deu origem ao PSTU. Marca fundamental deste período foi a luta pela independência de classe que, naquele momento, levou à fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT), que, hoje, como estamos vendo, pisoteiam em suas próprias histórias.