[23/12/2003] Durante os últimos 100 dias, a Direção Nacional Unificada da Intifada (DNUI), tem se manifestado em diminuir os ataques contra civis israelenses. O ataque passado da Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP) ocorreu dentro da linha verde, contra soldados sionistas, o ataque da Hamas contra civis ocorreu no café Hillel em Jerusalém, no dia 9 de setembro, já que o último ocorreu contra alvo militar do exército no dia 21 de dezembro, causando a morte de dois oficiais sionistas.

Sobre os ataques militares da Intifada nos últimos meses, a DNUI tem enfocado seus ataques contra soldados – no território ocupado – e colonos. O Departamento da investigação de Milla, dirigido pelo chefe de brigadas gerais, o General Yossi, tem visto isto como mudança significativa na estratégia de ataques dos guerrilheiros palestinos, que até pouco tempo atingia todos os israelenses, onde quer que seja, como alvos legítimos. A mudança, explica, provocada pela sensibilidade de HAMAS a opinião pública palestina.

Segundo informou Yussi, os ataques de HAMAS contra alvos civis têm sido uma resposta contra a política de Sharon, que causou a morte de muitos palestinos civis durante as últimas invasões em Rafah e Nablus. Acrescentou que, segundo o Mossad israelense, Hamas e outros grupos palestinos tinham preparado 27 ataques contra alvos civis (pelo menos a metade seriam de ataques suicidas), para os últimos quatro meses deste ano. Nenhum deles foi feito, porque teve uma avaliação estratégica dentro da DNUI. Também informou que a participação militar da Frente Popular para Libertação da Palestina tem aumentado nos últimos meses.

A análise conduzida pelo dr. Khalil Shkaki, do Centro de investigação e estudos de Palestina em Nablus, crê que a aproximação de Yasser Arafat ao líder da Hamas após o encontro do Cairo e a visita da delegação egípcia para a retomada das negociações para a paz foram fatores importantes para que o HAMAS avaliasse seus ataques contra “alvos civis”. Informa também que os ataques suicidas têm diminuido 50% nos últimos dois meses, más não assim contra soldados e colonos.

Após a declaração, no dia 21 de dezembro, do Ahmed Qureia (Abu Alá), o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), na qual dizia que: “os israelenses e palestinos já estão cansados do conflito entre eles, e agora estamos prontos para negociar pela paz dos dois países”. A Jihad Islâmica, em resposta à esta declaração repudiou a posição política covarde do Abu Alá, e declarou que continuará na luta armada até a libertação da Palestina. Também reafirmou sua recusa às propostas por uma tregua e seu rechaço aos acordos de paz. A FPLP tem declarado, dentro da sua posição política, que está contra os acordos de paz e reivindica a luta aramada pela libertação da Palestina. E ultimamente ouvimos muito as declarações do seu secretário-geral Ahmad Saádat, insistindo na luta armada como única solução para a questão palestina.

Na conferência de Herzliya, o assassino Ariel Sharon considerou que os palestinos são a verdadeira ameaça para o plano político sionista na região e, em relação aos assentamentos, declarou estar disposto a desmantelar “alguns” deles, e que deixaria os que são de posições estratégicas no seu lugar. Esta declaração do nazista Sharon foi analisada pelos líderes da Intifada, que viram nos novos massacres contra civis palestinos a forma sionista de pressionar a ANP e a opinião internacional para cessar o fogo por parte dos palestinos.

Ao nosso modo de ver e analisar a atualidade política da DNUI, não cremos que seja verdade o que foi mencionado pelo Dr. Khalil Shkaki. É verdade que Arafat tem frequentado muito a casa de Ahmad Yassin após o encontro da Cairo, e isso não é novidade, mas Arafat nunca conseguiu influenciar na política da HAMAS. Talvez tinha sido sua intenção pressionar os líderes da HAMAS para aceitar uma trégua, fato recusado pela HAMAS como decisão da DNUI. HAMAS e os outros grupos aceitaram não atacar os civis israelenses no território ocupado, devido à discussão interna entre os líderes da Intifada. Isso foi antes da sua viagem ao Cairo, e não foi pela pressão do FATAH que exigia uma trégua palestina unilateral.

Por outro lado, a DNUI pretende através desta nova estratégia, em primeiro lugar evitar novos massacres contra civis palestinos, – “coisa que os sionistas jamais respeitariam e isso veremos nos próximos dias” -, mas seria um argumento usado pela Intifada, para que as intervenções dos países árabes como Egito e Jordânia ou as internacionais, não tenham valor para que não sejam um obstáculo no caminho da Intifada, e que possam limitar o apoio internacional à Intifada. Em segundo lugar, a Intifada com esta estratégia de atacar alvos militares do exército sionista, pretende converter o conflito em possiblidade militar, tratar de igualar as condições militares da Intifada com as forças militares do exército sionista, já que as circunstâncias o permitem, e demonstrar para o povo palestino e todos os povos em luta a possibilidade real da libertação e da autodeterminação. A Intifada, nos seus 18 anos de luta, adquiriu experiéncias acumuladas, em táticas políticas e militares, e hoje se encontra em condições adequadas para iniciar uma nova etapa estratégica dentro da luta, que é desafiar o inimigo no seu ponto fraco, apostar com o inimigo que o conflito tem que ser entre duas forças militares, e no campo de batalha puramente militar, longe dos civis. A iniciativa da DNUI de respeitar os civis israelenses, é um reflexo do amadurecimento político, e é a imagem da verdadeira política da direção revolucionária que conduz esta luta, como um modelo único da nossa era luta contemporânea. O governo sionista de Israel não aceitaria este desafio da Intifada que se coloca no marco de uma força militar com possibilidades de enfrentar o seu exército em guerra de guerrilha, que pode causar as piores perdas até o momento. Para evitar este desvio no terreno do conflito com a Intifada e minimizar sua importância militar, o governo sionista de Israel continurá seu ataques contra civis palestinos causando maiores massacres, para provocar a Intifada, que terá que responder por igual, quando um Estado que nasce do crime usa os civis para justificar sua política terrorista, e veremos o que acontecerá nos próximos dias.