Foto Romerito Pontes
Erika Andreassy, da Secretaria de Mulheres do PSTU

Erika Andreassy

O 8 de março se aproxima, e, de norte a sul do país, as mulheres já estão se organizando para botar mais uma vez o bloco na rua contra o machismo, a violência e os ataques aos direitos da classe trabalhadora e dos setores oprimidos. Assim como nos anos anteriores, quando o chamado ao 8M e à greve internacional de mulheres ganhou adesão mundial e levou milhares de pessoas às ruas, em 2019, o dia de luta das mulheres também deverá ser forte.

No Brasil, não faltam motivos para que as trabalhadoras protestem. A violência machista disparou. Em 2018, o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência) registrou mais de 92 mil denúncias de agressão, 25% a mais do que em 2017. No caso dos feminicídios, a barbárie é ainda maior. Só nos primeiros 23 dias do ano foram registrados 125 casos consumados ou tentativas de feminicídio, um verdadeiro massacre contra as mulheres.

Se não bastasse toda essa violência, os ataques dos governos e dos patrões aos direitos da classe trabalhadora fazem da mulher trabalhadora a principal vítima da pobreza e do desemprego. O desemprego feminino é hoje 34% mais alto do que o masculino, e a diferença salarial entre mulheres e homens voltou a crescer. A reforma da Previdência, se aprovada, vai piorar ainda mais essa situação, pois as mulheres terão ainda mais dificuldade para se aposentar e o valor dos benefícios serão menores.

Bolsonaro não tem política para as mulheres

O governo Bolsonaro até agora não apresentou nenhuma medida concreta para reduzir esse quadro de violência e desigualdade. Pelo contrário, seu discurso reforça a ideologia machista e oferece um impulso ao ódio e à violência contra mulheres e LGBTs. Bolsonaro é um machista que já se referiu à filha caçula como fruto de “uma fraquejada”. Quando era deputado, chegou a afirmar que mulher tem que ganhar menos porque engravida.

A nomeação da pastora Damares Alves para ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é mais uma demonstração de que os direitos das mulheres e dos setores oprimidos estão ameaçados por esse governo. Antifeminista declarada, Damares é contra a educação sexual nas escolas e afirmou que o aborto não é uma questão de saúde pública.

A proposta de reforma da Previdência que está sendo elaborada pelo governo é outro exemplo de que esse governo é inimigo das mulheres. Por tudo isso, é fundamental que, junto com a exigência pelo fim da violência, esse 8 de março se transforme num dia de luta contra o desmonte da Previdência.

Unificar contra machismo e os ataques de Bolsonaro

O 8 de março pode e deve servir para impulsionar as lutas da classe trabalhadora contra esse governo. Em 2017, as manifestações do ocorridas na data deram início ao processo de lutas que culminou na greve geral, em 28 de abril, e na ocupação de Brasília, em 24 de maio. Ambas ações foram decisivas para derrotar a reforma da Previdência proposta por Temer.

É determinante a construção de atos unificados que tenham como eixo central o fim da violência machista e a luta contra a reforma da Previdência. Por isso, é fundamental que toda a classe trabalhadora participe deste dia de luta.

Publicado no Opinião Socialista nº 566