Fotos Romerito Pontes
CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

O 3º Congresso Nacional da CSP-Conlutas tem data marcada: de 12 a 15 de outubro deste ano. Um momento privilegiado para que os trabalhadores, jovens, movimentos populares, os que lutam contra as opressões se reúnam para pensar políticas para o período seguinte para a central e para avaliar a condução desde o congresso anterior.

A Coordenação Nacional da Central já aprovou o regimento interno, a programação e os critérios de participação. Em breve, divulgaremos mais informações e lançaremos o hotsite do congresso. Aguarde!

Manifesto de lançamento do Congresso Nacional

Vem ai o 3º Congresso Nacional da CSP-Conlutas
11 anos fortalecendo a unidade sindical e popular, classista e independente

A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) realiza de 12 a 15 de outubro de 2017 o seu 3º Congresso Nacional. São mais de 10 anos desde o início do que chamamos de novo processo de reorganização do movimento sindical e popular brasileiro e encaramos esse Congresso como sendo o 7º na construção e afirmação de uma alternativa de direção para o movimento de massas em nosso país. Para além de nos armar para as lutas imediatas, este congresso estará envolvido pela energia das comemorações dos 100 anos da Revolução Russa, um dos maiores e mais importantes fatos da história da humanidade, que levou a que operários e operárias, junto com o povo pobre, tomassem o poder daquele país.

Há quinhentos anos a injustiça, a desigualdade, a opressão e a exploração determinam a impossibilidade de uma vida digna para a maioria da população em nosso país. Quem é pobre e trabalhador sempre precisou construir respostas, com muita teimosia, para seguir sobrevivendo em meio a tantas dificuldades e precariedade das condições de vida. Temos de lutar pelo direito ao trabalho, que muitas vezes é informal ou terceirizado, e ainda temos de lutar contra os baixíssimos salários, o altíssimo preço dos alugueis e do custo de vida. Além disso, todos os dias, temos de enfrentar as mais variadas formas de violência, como o genocídio da juventude negra da periferia, e uma imensidão de mazelas paridas pelo sistema e essa dita “democracia” que só protege os ricos. Mas na nossa história, nosso povo sempre lutou, nas resistências indígenas, nas senzalas e nos quilombos; nas greves com os nossos imigrantes, passando pelas revoltas regionais à luta contra as ditaduras; nas lutas contra a retirada de direitos impostas pelos últimos governantes e na revolta de Jirau e Santo Antônio, no norte do país. E, agora, desde 2013 vimos que esse combate começou a tomar as ruas explodindo uma frustração acumulada como há tempos não se via.

De lá pra cá temos visto que as ruas, as fábricas, as escolas, as ocupações, os bairros não se aquietaram mais!

Atualmente, nosso país está frente a uma conjuntura de profunda crise política e econômica. Diante dela, o capitalismo lança milhões de trabalhadores no desemprego e desfere violento ataque aos já parcos direitos de nossa classe. Consequentemente, nosso povo, resiste e luta protagonizando um dos maiores ascensos de nossa história. Para que nossa classe vença essa batalha, é vital que nossa central, a CSP-Conlutas, siga se orientando pelo critério da organização da mobilização como seu método principal de luta e pela defesa intransigente do princípio da independência de classe. Essa é uma condição imprescindível para que possamos alcançar análises e deliberações políticas de nosso 3º Congresso que permitam um audacioso plano de lutas que enfrente essa realidade e, pelas mãos de nossa classe, possamos por fim a esse histórico de exploração.

Estamos vendo que a classe operária retomou seu papel histórico, colocando-se à frente e sendo parte ativa das greves gerais, paralisando a produção em todo o país e demonstrando sua força. O movimento popular também se somou organizando a luta no território, trancando rodovias e avenidas, reforçando os piquetes nas fábricas, mobilizando nos bairros, nos ônibus e nas estações de trem e metrô. Também tem se destacado a força da mulher trabalhadora que, pela explosão ativa das manifestações mundiais do último 8 de março, tem demonstrado sua determinação e ação decisiva em cada ação de nossa classe. Esse processo é uma demonstração de que, nós, o conjunto da classe trabalhadora, com o setor operário à frente, podemos tomar em nossas próprias mãos os destinos e o controle de nosso país. O caminho para alcançarmos esse objetivo é, sem sombra de dúvida, o da mobilização e da ação direta. Será ocupando as ruas e lançando mão do mecanismo da Greve Geral que poderemos preparar as condições para que nos libertemos dessa situação que já dura mais de cinco séculos e, até agora, não mudou a nossa condição de explorado e oprimido nessa sociedade. Nossa vitória é tão possível, quanto necessária. É a serviço do fortalecimento dessa estratégia transformadora que realizaremos o nosso 3º Congresso.

Na CSP-Conlutas estão os que se movem na defesa do socialismo em substituição ao capitalismo. Este sistema que só favorece os ricos e tem levado a que milhões de seres da nossa classe agonizem na imigração, no flagelo, na fome e na morte em todas as partes do planeta. É preciso ousar na compreensão de que nossa classe, suas lutas, seus sonhos e suas conquistas têm, portanto, uma dimensão Internacional. Está comprovado que não há saída para as nossas vidas em unidade com os nossos inimigos de classe, sejam eles banqueiros, latifundiários, multinacionais ou grandes grupos empresariais, sempre se movem pela ganância de seus lucros em detrimento da vida de quem trabalha. A história de nosso país está marcada pela submissão aos interesses imperialistas. Para nos libertarmos desse julgo, havemos de condenar o caminho da conciliação de classes, das ilusões nos regimes eleitorais deles e apostarmos tudo em nossa ação direta e independente.

Foi com essa compreensão e vocação estratégica que, ao longo desses mais de 10 anos, nos enfrentamos com os governos petistas e é com a mesma convicção que lutamos em defesa de nossos direitos trabalhistas, previdenciários e em franca oposição a todas as medidas de ataques do governo Temer, assim como nos empenhamos por sua derrubada. Em nosso 3º Congresso, devemos afirmar e erguer todas as nossas bandeiras em defesa dos interesses da classe trabalhadora brasileira e intensificar a nossa busca pela mais ampla unidade de ação para que possamos derrotar o capitalismo e seus agentes. Desta forma, podermos, finalmente, governar esse país. Só com essa estratégia poderemos responder às necessidades da vida de quem produz e inverter o caos a que eles nos impõem todos os dias.

Para combater o desemprego, exigimos um imediato plano Emergencial de Obras Públicas, redução da jornada de trabalho para 36h, sem redução de salário, estabilidade no emprego para todos, e a descriminalização dos trabalhadores informais, como os ambulantes, contra a corrupção, defendemos a prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores, bem como a estatização de todas as empresas envolvidas nesses escândalos.

Somos contra as propostas de reformas da Previdência e trabalhista, assim como defendemos a anulação das reformas efetuadas pelos governos anteriores, tanto do PSDB, como do PT, bem como da “lei da terceirização”; também defendemos o fim do Fator Previdenciário e da DRU (Desvinculação de Receitas da União), que sangra até 30% dos recursos da Previdência para dar aos banqueiros nacionais e internacionais; defendemos o respeito, a valorização e ampliação dos serviços e servidores públicos como forma de melhorar as condições de vida do nosso povo, por isso será necessário mais concursos públicos e contratações nas três esferas da administração pública; para que se tenha dinheiro para investir em saúde, educação, transporte e moradia, nós defendemos a suspensão imediata do pagamento da dívida pública que leva, todo ano, metade do orçamento do país só para pagar juros e serviços da dívida aos mesmos agiotas e bancos!

Para que possamos ver essas medidas mais imediatas aplicadas em nosso país, dependerá de que tenhamos um governo de outro tipo. Um governo somente de trabalhadores e apoiado em seus organismos permanentes de base, nos bairros, nos locais de estudo e trabalho. Nós lutamos e podemos conquistar bandeiras históricas do movimento e de nossa classe. Podemos e devemos reparar as perdas, as dores e as mortes de nosso povo negro, subjugado por mais de 300 anos de escravidão e preconceito. Podemos e devemos defender e reparar a dor e sofrimento de nossos povos originários, indígena e quilombola, que até hoje seguem sendo exterminados pelas balas do latifúndio. Podemos e devemos por fim a violência machista, aos estupros, espancamentos, exploração sexual e assassinatos de mulheres e de LGBT’s. Podemos garantir uma verdadeira reforma urbana que garanta moradia, convívio e reconquista do território ao povo pobre e trabalhador. Na nossa terra, tão extensa e fértil, podemos impor a tão sonhada e possível reforma agrária para que, sem indenização aos ricos latifundiários e donos da agroindústria, garantamos terra a quem nela trabalha. Defenderemos de maneira intransigente nossas florestas e nossa biodiversidade. É possível conquistarmos o direito ao trabalho, igualdade de condições de salário, moradia e cultura e uma vida digna para todos e todas.

O 3º Congresso Nacional da CSP-Conlutas deve dar ainda mais corpo ao caráter sindical e popular de nossa Central. É isso que permite juntar em uma só organização todos os segmentos da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre de nosso país. Essa unidade nos permite dar a nossas lutas objetivas o sentido político comum e estratégico de nossa libertação e pormos fim à exploração e todas as formas de opressão e intolerância. Não há hipótese de acabar com o machismo, a xenofobia, o racismo ou a LGBTfobia, sem sepultarmos o capitalismo. Ao mesmo tempo, não é possível conquistar nosso projeto sem combater desde já esses preconceitos que dividem nossa classe, porque o futuro que queremos não pode ser construído em base à opressão de nenhuma parte de nossa classe. É preciso que incorporemos a arte no cotidiano da nossa Central, como ferramenta importante na disputa que queremos fazer, de modo a criarmos nós os nossos símbolos e sermos nós a contar e representar nossa história e nossa luta. Junto a essas demandas agregam-se ainda a defesa de uma infinidade de bandeiras e conquistas democráticas, como o direito à liberdade de lutar; o direito à saúde e segurança no trabalho (cujas maiores vítimas são os terceirizados); o fim da criminalização dos movimentos e das luta; o fim da guerra às drogas – esse instrumento de genocídio nas quebradas do nosso país; o fim da PM e sua violência contra o povo pobre negro da periferia; a demarcação das terras indígenas e titulação das terras quilombolas; o resgate e manutenção da cultura dos povos originários; o fim do controle do uso e ocupação do solo e controle do preço dos aluguéis, por especuladores e pelo mercado imobiliário; a defesa e a preservação das florestas; o direito de autodefesa do povo; entre outros.

São com esses objetivos e compreensão que devemos fortalecer a nossa central, a CSP-Conlutas, e buscar aprofundar a independência de classe como nosso pilar de nossa organização; a mobilização como forma predileta de nossa luta; o caráter sindical e popular como forma de expressar a realidade da classe e, nesse sentido, como forma ordenadora capaz de unificar amplamente a nossa classe, sendo capaz de abarcar as mais variadas formas de luta que são desenvolvidas; o apoio mútuo e solidariedade ativa entre os trabalhadores empregados e desempregados e com todos os membros da nossa classe; a solidariedade internacional ativa como necessidade estratégica de nossa vitória. Finalmente, devemos garantir autonomia de nossa central frente aos partidos e organizações políticas e seguir repousando nossa confiança no futuro da Central via o método da democracia operária como o princípio para exercício de nossas lutas, demandas e desafios.

Acreditamos que no Brasil hão de tremular, de maneira generalizada, as bandeiras vermelhas da liberdade. Elas estarão empunhadas por homens, mulheres e jovens da nossa classe que, em todos os recantos de nosso continente, as sentirão dançar pela força e ensinamentos da Revolução de Outubro. Em pouco mais de 10 anos, construindo a CSP-Conlutas, esse sopro centenário norteou os nossos sonhos, moveu as nossas ações e nos mantiveram audazes nas trincheiras da luta de classes. Que assim sigamos, até a nossa vitória.

Viva o 3º Congresso da CSP-Conlutas!
Viva os 100 anos da Revolução Russa!

11 anos da CSP-Conlutas
Fortalecendo a unidade sindical e popular, classista e independente!