Leonardo Maia, de Aracaju (SE)

No dia 28 de abril o Brasil parou porque nesse dia as trabalhadoras e trabalhadores decidiram não ir trabalhar. Em Sergipe, assim como nos outros cantos do país, a greve geral começou logo cedo. Toda a indústria, os transportes, os bancos e o comércio do estado pararam. Petroleiros, cimenteiros, mineiros, químicos, metalúrgicos, construção civil comerciários, rodoviários, bancários, servidores públicos, professores e técnicos da universidade federal e professores do estado paralisaram durante todo o dia. Ao todo, mais de 60 sindicatos sergipanos aderiram ao chamado nacional das centrais sindicais contra a terceirização e as reformas da previdência e trabalhista.

Junto com a CSP-Conlutas, as ocupações por moradia (Terra Prometida, 17 de Dezembro, Mangabeira, Vitória, Clínica Santa Maria e Dandara) e o movimento de desempregados (SOS Emprego) aprovaram em assembleia a participação na greve geral e organizaram barricadas nos principais pontos de entrada e saída do estado e da capital.

O sindicato dos rodoviários anunciou que não haveria paralisação, contra a vontade dos próprios trabalhadores. Mesmo assim os ônibus não circularam dentro de Aracaju nem para os outros municípios, pois foram organizados piquetes logo cedo em frente às garagens.

A Petrobras paralisou por 24 horas, com adesão de 100% da categoria. Na fábrica de cimento Cimesa, do grupo Votorantim, os operários decidiram paralisar por 24 horas e também não entraram para trabalhar.

Na empresa Almaviva, do setor de call center, em uma ala onde trabalham normalmente de 300 a 400 operadores e operadoras, haviam três ou quatro funcionários. A maioria da direção do Sindimarketing, sindicado da categoria e que rompeu recentemente com a Força Sindica e se aproximou da CSP-Conlutas, fez um trabalho importante de agitação na porta da empresa, convocando a Greve Geral. Além disso, ajudaram na organização dos piquetes nos bairros.

Na BR 101, pelo menos quatro pontos foram fechados. Em Carmópolis, foram os desempregados, junto com os petroleiros que fecharam com barricadas a rodovia.

Mais a frente, no município de Rosário do Catete, as mulheres que vendem milho assado fecharam a BR, junto com os companheiros do SOS Emprego.

Em Maruim, o SOS Emprego e a população local decidiram que só liberariam o acesso com a chegada de uma emissora de TV (assista aqui). Assim, seguraram o piquete até às 15h.

Aracaju também amanheceu sitiada. Foram fechados alguns dos principais pontos de entrada e saída da cidade. Ainda na BR 101, no acesso ao município de Itabaiana, que faz conexão com a BR 235, a via ficou fechada das 4h às 11h da manhã.

Nas primeiras horas da madrugada a Avenida Marechal Rondon, que da acesso ao município de São Cristovão, e a garagem da empresa de ônibus Progresso foram bloqueadas pelo professores e técnicos administrativos da Universidade Federal (UFS), junto com os moradores das ocupações por moradia e outras categorias.

A ponte do João Alves, que da acesso ao município de Socorro, onde encontra-se um dos maiores centros industriais do Estado, ficou fechada das 4:00 até as 7:00.

Na ponte de Aracaju para a Barra dos Coqueiros, a passagem também ficou interrompida até às 7 horas da manhã (assista aqui).

Na saída nova de Aracaju, pela Avenida Santa Gleide, a passagem foi interrompida até meio dia com o apoio da população do bairro.

No Bairro Coqueiral foram fechados dois pontos. Primeiro, na ponte do Marcos Freire e, depois, no começo do Porto Dantas. O último piquete segurou o fluxo até às 11h30.

A tarde, a greve geral encerrou com um grande ato pelas ruas do centro de Aracaju, onde compareceram cerca de 30 mil pessoas. O PSTU construiu e esteve presente em todas essas frentes, defendendo a necessidade dos trabalhadores derrotarem as reformas da previdência e trabalhista e se organizarem para muito além.

Nós que fizemos essa greve precisamos fazer muito mais e somos capazes de fazer mais e melhor. Esse foi só o primeiro passo. Não confiemos em políticos corruptos e ladrões que nos enganam nos períodos das eleições. A nossa luta, a nossa organização é capaz de derrubar o governo Temer, é capaz de derrubar o congresso de corruptos e todas as reformas. É capaz de construir um futuro que atenda nossas necessidades imediatas e também históricas. Precisamos derrubar esse sistema que produz um bando de desempregados e a pobreza, enquanto concentra a riqueza nas mãos de um punhado de ladrões. Não podemos entregar nosso destino nas mãos desses senhores. Precisamos construir conselhos populares e comitês nos locais de trabalho, nos locais de moradia e de estudo para tomar em nossas mãos nossos destinos, como fizemos no dia de hoje. A classe trabalhadora tem poder. Os operários e o povo organizado devem tomar para si o destino de seu país”, Vera, militante do PSTU, no ato do centro de Aracaju.

Veja outras fotos da Greve Geral em Sergipe:
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