Ao todo estiveram presentes 2664 participantes. Foto Romerito Pontes
Redação

Foram quatro dias de intensos debates e votações que, ao final, reafirmaram a CSP-Conlutas como instrumento de luta, classista e independente dos governos e dos patrões.  O 3º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, realizado entre os dias 12 e 15 de outubro em Sumaré (SP), reuniu lutadores de todo o país, expressando as principais lutas que ocorrem hoje, da mobilização contra as demissões levada pelos operários da Unilever no interior de São Paulo, à luta dos indígenas Gamela do Maranhão, ou a batalha contra a precarização dos servidores do Rio de Janeiro.

Definiu ainda um calendário de lutas para o próximo período com destaque para o dia 10 de novembro, dia de lutas e greves contra a reforma trabalhista e previdenciária, encabeçado pelos metalúrgicos.

Ao todo estiveram presentes 2664 participantes, entre 1953 delegados eleitos pela base em assembleia, 264 observadores, 24 convidados, além de 113 ativistas internacionais. No 2º Congresso Nacional realizado em 2015 haviam se inscritos 2639 participantes, com 1702 delegados eleitos. Este congresso marcou ainda o retorno à entidade de correntes como a Unidos Para Lutar e CST-Combate, além de novas entidades que anunciaram sua filiação à central recentemente, a exemplo dos trabalhadores rurais de Duartina (SP), Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom) e o Movimento de Resistência Popular (MRP).

Era só percorrer os espaços da estância Árvore da Vida naqueles dias de intenso calor para, mais que ver, sentir a força da união dos setores operário, popular, indígena e quilombola que a CSP-Conlutas carrega desde a sua fundação. Danças típicas quilombolas alternavam-se com manifestações de povos originários, além de palavras-de-ordem de operários metalúrgicos, ativistas sem-teto, estudantes e militantes do hip hop.

Inaldo Serejo, liderança gamela

Conjuntura e Plano de lutas
Uma das marcas da CSP-Conlutas é o seu funcionamento democrático, e neste congresso não foi diferente. Painéis sobre a situação internacional, nacional, o balanço e o funcionamento interno da central, entre outros temas, eram intercalados com grupos de discussão, onde as diferentes visões e propostas eram discutidas e, se aprovadas por pelo menos 10% dos votos nos grupos, levadas para serem votadas no plenário.

Refletindo o debate que permeia a esquerda hoje, confrontaram-se duas visões sobre conjuntura nacional. A de que Dilma foi vítima de um golpe provocado por uma ofensiva da direita, que colocou a classe trabalhadora na defensiva e a análise aprovada pela maioria do congresso, que não vê o governo Dilma como um “mal menor” frente aos outros governos, e que enxerga, na verdade, uma enorme polarização social que, se por um lado tem profundos ataques dos governos e da burguesia, por outro encontra grande resistência e luta por parte dos trabalhadores.

A maioria dos delegados vê o balanço da CSP-Conlutas até aqui como muito positivo, fundamental para os recentes processos de luta, como o dia 15 e 30 de março último, e a realização do dia 28 de abril, a maior Greve Geral que esse país já viu. Isso porque, embora minoritária, a central joga um importante peso na realidade por sua atuação combativa e classista, lutando e pressionando pela unidade de ação nas lutas.

O congresso aprovou ainda uma dura crítica às direções das grandes centrais sindicais, responsabilizando-as pela não realização da Greve Geral dia 30 de junho, o que poderia ter sido um passo adiante à Greve Geral de 28 de abril e que, caso se concretizasse, botaria abaixo a reforma trabalhista que seria aprovada poucos dias depois.

Para destravar esse processo de lutas, foi aprovada a construção do dia 10 de novembro chamado pelos metalúrgicos como dia de lutas e greves contra as reformas trabalhista e previdenciária. O calendário de lutas inclui ainda o 19 de outubro como dia de luta pela educação e o 27 do mesmo mês como dia de luta em defesa do serviço público.

Estamos saindo de um congresso extremamente vitorioso. Um congresso que decidiu manter e aprofundar o caráter de frente única dos sindicatos, dos movimentos de luta contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia, de todos e todas que querem, nessa sociedade, querem transformar o país e nossa vida, rumo à construção de uma sociedade socialista, queremos reunir aqui, com base na democracia operária para acabar com a exploração e a opressão capitalistas“, avalia Zé Maria, da Direção Nacional do PSTU.

Internacionalismo
Outro aspecto que se tornou marca e está sempre presente nos congressos da central é o seu forte internacionalismo. Além das representações internacionais, foram aprovadas moções de solidariedade à luta do povo catalão pela independência e pelo aparecimento com vida do argentino Santiago Maldonado. Sobre Venezuela, a resolução aprovada ataca o governo Maduro e a oposição de direita do país, solidarizando-se com os trabalhadores do país que vivem uma dramática depressão econômica.

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