Desde 1996, a partir de um seminário nacional, as lésbicas trouxeram ao calendário nacional de mobilização mais um dia de luta: o Dia da Visibilidade Lésbica. Essa luta vem se fortalecendo a cada ano, na medida em que a mulher lésbica vem denunciando a dupla opressão que sofre cotidianamente (machista e homofóbica) e impondo a necessidade de superação destas mazelas ao movimento GLBT e feminista e como parte fundamental da luta de todos os trabalhadores.

Este ano, em diversas cidades as mulheres tomaram as ruas protestando em passeatas. Outras atividades foram marcadas por debates políticos, culturais e esportivas que trouxeram visibilidade e evidenciando a necessidade de espaços que são negados as mulheres (como partidas de futebol, mostras de cinema e literatura de temática lésbica e outras). Em vários lugares essas atividades aconteceram ao longo do mês. Algumas passeatas reuniram milhares de ativistas. Em Brasília, por exemplo, cerca de 5 mil pessoas participaram.

A repressão sexual histórica que recai sobre as mulheres tornou a relação entre elas um mito e fez das lésbicas “invisíveis”. Invisíveis para a saúde pública que é incapaz de assistir as especificidades das mulheres que se relacionam com mulheres. O mesmo acontece com a educação. A maioria das lésbicas não tem acesso a informação e nenhuma condição de viver sua sexualidade de maneira livre e segura.

É importante dizer que o problema da opressão da mulher homossexual não se resume às liberdades sexuais. Embora as lésbicas estejam se organizando e indo a luta, ser lésbica na nossa sociedade significa enfrentar problemas cotidianos nas mais diversas esferas da vida. Significa ser discriminada nos locais de trabalho, de estudo, moradia, estando mais expostas ao assédio moral e sexual e conviver com as piores expressões de machismo e violência. O número de estupros de mulheres lésbicas é muito superior ao de casos de vítimas não lésbicas. A “invisibilidade lésbica” nada mais é que o descaso diante de tudo isso.

Mudar essa situação é tarefa de todos os revolucionários, pois a homofobia e o machismo nos dividem e enfraquecem, facilitando a exploração do capital. Enquanto a mulher não puder se relacionar com outra sem sofrer humilhação, violência ou qualquer tipo de discriminação, todas as mulheres não serão livres para viver sua sexualidade. Essa luta é fundamental e deve ser cotidiana.

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