Data foi estabelecida no Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe realizado em Bogotá, Colômbia, em 1981, em homenagem às irmãs MirabalLas Mariposas, como eram conhecidas as irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria Teresa – foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Neste dia, as três irmãs regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos. Elas foram detidas na estrada e foram assassinadas por agentes do governo militar. A ditadura tirânica simulou um acidente.

Minerva e Maria Teresa foram presas por diversas vezes no período de 1949 a 1960. Minerva usava o codinome “Mariposa” no exercício de sua militância política clandestina.

Este horroroso assassinato produziu o rechaço geral da comunidade nacional e internacional em relação ao governo dominicano, e acelerou a queda do ditador Rafael Leônidas Trujillo.

Chega de massacre e extermínio de mulheres!
Em 22 de outubro de 2009, uma aluna da Universidade Bandeirante (Uniban), do campus de São Bernardo do Campo (SP), região do ABC, foi à aula com um vestido curto. Nada demais. Em pleno século 21 centenas de alunos a perseguiram pelos corredores como animais raivosos. Aos gritos de “Puta! Puta!”, a aluna foi perseguida.

Em outubro de 2008, o assassinato da jovem Eloá por seu ex-namorado, após ser mantida sob cárcere privado em Santo André (SP), comoveu o país.

Lucimar Rocha, 36 anos foi encontrada morta dentro de sua própria casa, no bairro do Jaraguá, em Belo Horizonte (MG). O marido dela também foi ferido, mas é o principal suspeito pelo crime.

Carla da Silva, 25, grávida de nove meses. A gestante foi à porta de sua casa, no bairro Sarandi, em Porto Alegre (RS). Conversava com parentes quando um homem que passava pelo local sacou uma arma e disparou vários tiros, um deles atingindo o pulmão da gestante. O assassino conseguiu fugir.

Aparecida Socorro Chaves, 41, foi encontrada morta a pauladas em Esmeraldas, município da Grande Belo Horizonte (MG). Segundo a Polícia Militar, que encontrou o corpo numa fazenda na zona rural do município, ela apresentava ferimentos profundos na cabeça, o que indicava que ela teria sido atacada com pedaços de pau e pedras. O marido da vítima, Armando Hermógenes da Silva, 68, é o principal suspeito do crime.

Ana Maria da Conceição, 15 anos, foi morta no Ceará pelo namorado de 21 que, com ciúmes, invadiu sua casa. Ele a matou com um tiro e, em seguida, tentou matar a mãe da garota, de 37 anos, e sua irmãzinha de 6.

Muitas mulheres numa só dor, a da violência, vivenciada pela maioria delas mulheres no mundo inteiro, majoritariamente no espaço doméstico. Algo que tem sido bastante banalizado e considerado sem importância. Segundo estimativas, a mulher vitimada tem sua vida diminuída em até nove anos.

No Brasil, a cada quatro segundos uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. Além disso, não podemos esquecer a agressão nas ruas e locais de trabalho e estudo, corriqueiras no dia-a-dia, em especial das mulheres pobres trabalhadoras.

No Haiti, milhares de mulheres negras sentem todos os dias o drama da miséria, da falta de alimentos para seus filhos, da violência e dos estupros impostos pela Minustah.

Na Palestina, milhares de mulheres e crianças foram e serão mortos pelo assassino Estado israelense.

No Irã, legalmente a vida de uma mulher vale metade da vida de um homem. Ainda vigora a lei medieval do apedrejamento.

O massacre que as mulheres trabalhadoras enfrentam em todas as esferas de suas vidas é cruelmente silenciado ou dissimulado através de preconceitos. Desde a escola, até os locais de trabalho a mulher é obrigada a conviver com o assédio e a subestimação.

Além disso, não podemos deixar de citar a violência econômica à que as mulheres são submetidas, que se reflete nos salários mais baixos, nas duplas e triplas jornadas de trabalho, no assédio sexual.

Na verdade a violência contra as mulheres é uma forma de controle social que interessa muito à classe econômica dominante, pois, controlando, violentando e desmoralizando as mulheres, controla-se metade da classe trabalhadora, controla-se sua capacidade reprodutiva, mutila sua capacidade de mobilização e se economiza para o capital, que torna exclusivo a elas o trabalho doméstico não remunerado.

Lei Maria da Penha
Embora tenha avançado em relação à antiga lei da cesta básica, essa lei não garante de fato a punição ao agressor, assim como não garante os serviços essenciais à mulher que sofre agressão, como casas abrigo, creches, assistência médica e psicológica, centros de Referência com profissionais capacitados e estabilidade remunerada no emprego. As consequências disso já podem ser conferidas. Segundo o Conselho da Mulher do Distrito Federal, o número de denúncias caiu, mas não porque diminuiu a violência, mas porque as mulheres se sentem mais vulneráveis diante dessa lei.

Além disso, esse já é o terceiro ano consecutivo onde as verbas destinadas ao combate á violência contra a mulher são cortadas pelo governo Lula.

Nas ruas, nas escolas, nas fábricas… Somos mulheres em luta
Frente a esse miserável cenário, só resta às mulheres a sua força coletiva para resistir e transformar esta situação. Nenhuma saída individual é palpável, é real. Somente a luta das mulheres junto à classe trabalhadora é uma alternativa realista para a superação do machismo e da superexploração a que fomos e somos submetidas.

Essa é a lição deixada pelas mulheres haitianas que têm resistido bravamente à ocupação das tropas brasileiras. Das mulheres palestinas, que com paus e pedras nas mãos enfrentam os exércitos sionistas. Das mulheres iranianas, que lutam contra as leis antimulheres, contra o apedrejamento e o extermínio. Das “maestras” hondurenhas que, heroicamente, organizaram a luta de resistência contra o golpe. Das mulheres brasileiras que lutam nas greves e mobilizações.

É nesse sentido que caminhamos ao construirmos o Movimento Mulheres em Luta da Conlutas. Um movimento de mulheres trabalhadoras que se coloca como alternativa de direção para a organização das mulheres que querem lutar contra o machismo e a superexploração.