Shaperville, África do Sul, 21 de março de 1960: Vinte mil negros protestavam contra a lei do apartheid que os obrigava a portar cartões de identificação. O exército atirou sobre a multidão, resultando na morte de 67 pessoas e em 186 feridos. O massacre causou repúdio mundial, fazendo com que a data fosse declarada Dia Internacional de Combate e Denúncia ao Racismo.

No outro lado do mundo, nos Estados Unidos, no decorrer da mesma década, manifestações contra a legislação que impedia que negros e brancos freqüentassem desde as mesmas escolas até os mesmos banheiros eram violentamente reprimidas.

Passados 44 anos, o apartheid já não existe na África do Sul, como também são raros os países em que existem leis abertamente segregacionistas. Contudo, estamos longe de poder afirmar que o racismo já não promove “massacres” mundo afora. Muito pelo contrário. Foram apenas os métodos de repressão, opressão e extermínio que mudaram.
Apenas para citar o exemplo da África do Sul, basta lembrar que, em 2003, 11% da população (cerca de 4,7 milhões de pessoas) estava infectada pelo vírus da Aids. O desemprego e a fome ainda matam milhões de negros, que continuam “separados” da minoria branca. Esta, por sua vez, segue com o que há de melhor, agora de braços dados com uma “elite” negra corrupta.

Este foi o resultado da traição das lideranças sul-africanas, como Nelson Mandela e o CNA, que optaram por governar com a elite branca, mantendo intacta a estrutura capitalista do país.

Com histórias diferentes, negros, negras e membros de etnias não-brancas vivem situações semelhantes. Seja na Europa, nas Américas, na Ásia ou no Oriente Médio, a “questão racial” é fator determinante para a superexploração de trabalhadores e jovens.

Por isso mesmo, a principal lição que podemos tirar do “21 de março” é que o combate ao racismo só pode ser coerente e vitoriosa se for feita em aliança com a luta pela derrota de seu principal agente: o capitalismo e todos aqueles que se curvem aos seus desmandos.
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