Chegamos ao final de 2008. Um ano marcado pela crise. Durante muitos anos se falará sobre a crise de 2008. Trata-se de uma crise cíclica de superprodução, mas não de qualquer crise cíclica. Combinada com a quebra financeira, a crise já se transformou na pior desde 1929. A possibilidade de que a recessão em curso se transforme em uma depressão igual ou ainda pior que a de 1929 está colocada.

Isto é um acontecimento histórico que terá profundas conseqüências econômicas, sociais e políticas. A década de 90 foi o momento da restauração do capitalismo no Leste Europeu, simbolizada pela queda do muro de Berlim. 2008 foi quando o “muro” de Wall Street caiu.

Recessão pode se transformar em depressão
Já existe recessão em praticamente todos os países imperialistas. O Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos reconheceu que a recessão no país começou no final de 2007. No terceiro trimestre de 2008, a queda do PIB foi de 0,5%, e a previsão é de uma redução maior no quarto trimestre, para 4 ou 5%. Já estão em recessão os EUA, a União Européia e o Japão.

Um dos fatores centrais que tornam a situação comparável a 1929 foi a brutal crise financeira, agravando fortemente a superprodução.

No período da globalização uma parte importante dos lucros das empresas não foi reaplicada na produção, mas deslocada para a especulação financeira. A característica parasitária, especulativa do capitalismo se ampliou fortemente.

Calcula-se que o PIB mundial esteja em torno de 50 trilhões de dólares. O montante investido na especulação (com ações, títulos, moedas etc.) chega a 167 trilhões, ou seja, mais de três vezes tudo o que se produz no mundo. Caso incluamos nesse montante os derivativos (a modalidade vedete da especulação), o bolo passa para 596 trilhões, quase 11 vezes o valor do PIB mundial.

A quebra financeira atual leva ao derretimento dessa montanha de capital fictício. E isso afeta todo o capital pela forte retração no crédito para a produção e para o consumo. Hoje a crise financeira empurra a recessão para se transformar em depressão.

A indústria automobilística e a construção civil nos EUA, dois setores de ponta do principal país imperialista, estão quebradas. A única forma de salvar as montadoras de automóveis é pela ajuda do Estado, com injeção de 34 bilhões de dólares.

Em novembro, foram cortados 533 mil empregos, a maior redução em 34 anos. Nos últimos três meses, 1,2 milhão de trabalhadores foram demitidos.

A dinâmica é dramática: é possível que o índice de desemprego nos EUA supere os índices latino-americanos de 15% a 20%. O plano de governo de Obama (completamente irreal) promete criar 2,5 milhões de empregos. Contudo, metade disso se perdeu em apenas três meses.

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