No fim da década de 1970, o movimento negro conseguiu impor o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, que foi assassinado nessa data, há 309 anos, em 1695.

Dentre as várias lições deixadas pelo líder de Palmares, uma fundamental tem sido cada vez mais “esquecida” pelo movimento negro: a luta contra o racismo e a opressão deve ser uma luta contra todo o sistema que os mantém e deles se beneficia. E mais: nossos aliados nesse combate (assim como nos tempos de Zumbi, que se aliou aos indígenas e pobres) são os outros setores explorados e oprimidos e nunca as elites.

Uma postura que também podemos observar em lutadores e lutadoras, como Luiza Mahin, na Revolta dos Malês; Preto Cosme, na Balaiada e João Cândido, na Revolta da Chibata.

Hoje, infelizmente, esta história é “esquecida” pela maioria do movimento negro – dirigida pelo PT e PCdoB – toda vez que ele abandona suas bandeiras históricas em função das migalhas prometidas pelo governo ou dá suporte para as reformas e planos de Lula. É isso que está acontecendo, por exemplo, com a reforma Universitária, apoiada por amplos setores do movimento, em função de uma proposta rebaixada de cotas.

E o mesmo pode ser dito sobre a maioria dos atos e atividades que estão programados para este 20 de novembro, construídos em parcerias com os governos locais (quando não com a iniciativa privada) e que pretende ter um caráter “propositivo” em relação ao governo.

Isso é um enorme erro. Não é possível combater o racismo sem derrotar os planos e as reformas que Lula, a mando do FMI, está tentando implementar. Não há como combater a baixa escolaridade, as diferenças salariais, o desemprego, e tudo o mais que afeta a vida de negros e negras sem lutar contra a lógica do capital.

Sempre é bom lembrar uma outra lição, esta deixada por Malcolm X: não há capitalismo sem racismo. Por isso, não há ministério ou concessão que Lula possa criar que esconda uma verdade sobre seu governo: ao fazer de tudo para facilitar o processo de recolonização do país, o governo é cúmplice do racismo.

Por isso, dizemos que ter consciência negra é entender que somente aliados aos trabalhadores, à juventude e aos demais setores marginalizados, negros e negras poderão construir uma sociedade em que seja possível eliminar as muitas e nefastas faces do racismo: uma sociedade socialista.

  • Faça o download do boletim Raça e Classe, da Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSTU (.PDF – 800kb)

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