Ato em Fortaleza aconteceu em meio à forte greve da construção
Diego Cruz

O ato do 1º de maio classista e de luta em Fortaleza (CE) reuniu diversas categorias que passam por importantes mobilizações. Mesmo competindo com o grande show promovido pela CUT e o governo, a manifestação reuniu algo em torno de 500 manifestantes, que saíram em passeata da Praça do Liceu até a Praça Otávio Bonfim, onde um palco foi montado para o ato.

Os trabalhadores da construção civil estão há dez dias numa forte e radicalizada greve que enfrenta os patrões e a polícia. As trabalhadoras da confecção feminina de Fortaleza também marcaram presença. As operárias estão iniciando a campanha salarial da categoria, que enfrenta assédio moral nos locais de trabalho e sofrem com um piso de um salário mínimo.

Os servidores municipais da cidade, que enfrentam duros ataques da prefeitura petista de Luizianne Lins, também estiveram presentes no ato, assim como indígenas do Movimento pela Demarcação de Terras Indígenas, o MLB (Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas) e o MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), entre outras entidades, além de estudantes e partidos de esquerda.

“Cadê, cadê, a Fortaleza Bela, se o trabalhador mora mesmo é na favela?”, foi uma das palavras de ordem, referindo-se ao programa “Fortaleza Bela” da prefeitura, algo similar à operação Belezura do governo Marta Suplicy, de mudanças cosméticas no cidade para esconder a miséria.

Diversos trabalhadores, uma só luta
Estudantes, operários da construção, trabalhadoras da confecção, servidores públicos e indígenas. Era desnecessário perguntar a profissão e origem de cada manifestante. Trabalhadores aparentemente tão diferentes, mas que caminharam juntos pelas mesmas bandeiras: contra os ataques aos direitos, o alto preço dos alimentos e em defesa e solidariedade ás lutas da classe.

“A unidade expressa aqui é a unidade dos que estão na luta contra o governo e as centrais sindicais que traíram nossa luta”, destacou Atenágoras Lopes, da coordenação da Conlutas, presente ao ato para prestar solidariedade aos trabalhadores em luta de Fortaleza.

“Quero destacar aqui a importante presença das trabalhadoras da confecção feminina. E também não é coincidência que várias pessoas vieram me falar sobre a grande presença dos operários da construção civil, que estão em uma forte greve que já é exemplo nacional e que deve ser coberta de solidariedade por todos”, afirmou. “Que cada um saiba da justeza dessa luta, pois enquanto o metro quadrado de um condomínio de luxo custa R$ 3 mil, os salários dos companheiros é de R$ 415”, ressaltou.

A alta nos alimentos e suas conseqüências para os trabalhadores foi ressaltado por Fábio José, da Conlutas do Ceará e da direção do PSTU. “Falta arroz e feijão na mesa do trabalhador. Quando o preço do feijão baixa, o do arroz sobe”, disse, lembrando a rebelião dos pobres em todo mundo, principalmente no Haiti, contra a alta dos alimentos. “Não é livre quem vive a oprimir. Fora as tropas brasileiras do Haiti”, entoaram os manifestantes.

Fábio também lembrou da necessidade de organizar a classe trabalhadora contra os diversos ataques que vêm sofrendo.“Precisamos nos organizar contra os ataques dos da prefeita Luizianne, do governador Cid e do governo Lula. Para isso, vai ser organizado em julho um dos maiores congressos da classe trabalhadora nesse país, o primeiro congresso da Conlutas, que vai acontecer em Betim, Minas Gerais”, disse, conclamando a participação dos trabalhadores.

A manifestação terminou ao som do grupo de rap Reviravolta, que traz letras de protesto e em defesa da revolução socialista.