Trabalhadores dos Correios fazem protesto durante a Greve de 2017, São Paulo

Por Geraldo Rodrigues (São Paulo), Heitor Fernandes (Rio de Janeiro) e Paulo Cesar Almeida (Campinas), dirigentes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT) e militantes do PSTU

O dia 17 de agosto promete. Estão sendo convocadas assembleias em todos os cantos do país, pelos trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que se preparam para mais uma forte greve.

Desde a campanha para as eleições de 2018, o então candidato Bolsonaro e o seu “posto Ipiranga”, Paulo Guedes, nunca esconderam o desejo de entregar a soberania do Brasil com as vendas das empresas estatais, com destaque para os Correios. Nesta, Paulo Guedes é odiado devido à investigação da Polícia Federal que apura seu envolvimento em fraudes no fundo de pensão dos Correios, o Postalis.

Hoje, em meio à pandemia, crescem os faturamentos com o comércio eletrônico (e-commerce), aumentando exponencialmente os lucros de empresas de logística como a Amazon, Fedex, DHL, entre outras multinacionais gigantes deste segmento do mercado postal. O plano do governo genocida de Bolsonaro é favorecer estes bilionários entregando de bandeja o gigantesco capital logístico dos Correios.

Vale ressaltar que, neste cenário caótico, em que o país vive a pandemia descontrolada da Covid-19, o presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, esconde os números oficiais de trabalhadores da empresa que estão contraindo ou morrendo pela doença. Segundo relatos apurados pelos 36 sindicatos da categoria, já são mais de 120 óbitos resultantes da pandemia. É isto mesmo! Para cada 1.000 brasileiros mortos pela Covid-19, pelo menos um trabalhava nos Correios.

Desta maneira, a política genocida de Bolsonaro vem tendo consequências dramáticas em uma categoria em que os trabalhadores estão extremamente expostos ao contágio, além de serem potenciais vetores para transmissão do vírus aos seus familiares e pessoas próximas.

Como não bastasse essa situação dramática, a direção da empresa está mancomunada com os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), avançando de forma feroz sobre os direitos conquistados ao longo dos anos de muitas lutas. Das 77 cláusulas do acordo coletivo, 70 estão sendo retiradas pelo general Floriano Peixoto. Nem mesmo o vale-alimentação ficou de fora. Bolsonaro quer matar os trabalhadores pelo vírus e pela fome.

Como parte desta covardia, a imprensa burguesa cumpre seu papel nefasto para justificar seus contratos publicitários milionários com o governo. Recentemente, a revista Veja publicou uma matéria (24 julho), em que tenta passar a idéia de que os trabalhadores dos Correios são privilegiados. Nesta, atacam os benefícios conquistados em décadas de grandes lutas. Mas, a mesma se cala vergonhosamente diante do fato dos trabalhadores da ECT receberem o pior salário de todas as estatais, em que o piso salarial não chega a dois salários mínimos.

O que está colocado nessa greve nacional, anunciada nos Correios, é a possibilidade dessa categoria, que possui mais de 100 mil funcionários e que cumpre um papel decisivo na integração do país (atua em mais de 5.000 municípios), em organizar mais uma forte resistência contra a entrega deste patrimônio público brasileiro.

Portanto, no cenário das lutas que se abrem neste segundo semestre, esta greve se coloca como um forte impulsionador na luta da classe trabalhadora brasileira pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Será um passo importante na derrota dessa extrema direita genocida.

Para tanto, será determinante a unidade para ação com os lutadores e lutadoras petroleiros, bancários e outros que também estão na alça de mira do governo Bolsonaro. Essa unidade será fundamental na construção dos próximos passos rumo a Greve Geral no país. Vamos à luta, sem medo!

Fora Bolsonaro e Mourão!
Fora Floriano Peixoto!