LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

(Tendência Claire do  NPA, 1 de dezembro de 2018)

A mobilização deu um passo hoje. Apesar da repressão e da chuva, os coletes amarelos se espalharam pela França. A raiva e a indignação são imensas. O governo mente grosseiramente sobre o número de manifestantes: 75.000 na França, dos quais 5.500 em Paris! Em outras palavras, teria tido um policial para cada manifestante! É ridículo. Nós éramos mais de 5.000 ao redor da Praça de Ópera às 14hs. E representávamos apenas uma parte dos manifestantes presentes. Nós éramos dezenas de milhares nas ruas de Paris. E várias centenas de milhares na França.

O dispositivo policial era gigantesco em Paris e conseguiu evitar a mobilização na Champs Élysées (Campos Elíseos). Mas isso não impediu que a raiva se expressasse: barricadas, carros virados, ataques a bancos, lojas de luxo atacadas. Em todos os lugares, a firme vontade de não ceder o terreno. Na rua Rivoli, na avenida Foch, na Bastilha, todos os acessos à Campos Elíseos eram ocupados por coletes amarelos determinados. Como em 24 de maio de 1968, a antiga sede da Bolsa de Valores de Paris (Palais Brongniart) foi atacada. O clima era insurrecional em Paris.

A grande mídia persiste em querer separar os bons coletes amarelos dos maus desordeiros. São incapazes de medir o que está acontecendo: a grande massa de coletes amarelos era solidária com eles. São incapazes de expressar qualquer coisa que não seja o que seus amos ditam a eles. Como se os choques causados pela polícia estivessem à margem das manifestações dos coletes amarelos! A violência dos explorados é legítima e saudável. A violência dos exploradores é obscena. A campanha publicitária da mídia visa destilar o medo e impedir que a insurgência se espalhe e se organize. Mas isso não funciona. Somos solidários e estamos determinados a voltar todos os sábados. A próxima ação já está marcada para o próximo sábado e estaremos lá.

O general aposentado Philippe Martinez [secretário geral da CGT] organizou uma operação contra os coletes amarelos neste sábado em Paris. O resultado foi lamentável: cerca de 2 mil pessoas partiram da Plaza de la República, atrás de Martínez, cercado pelos burocratas do PS e do PCF. Numerosos membros do sindicato, por sua conta, foram para os eventos selvagens em torno da Campos Elíseos.

Nas regiões, a repressão também foi intensa em muitos lugares. Mas a determinação era muito forte. Prefeituras foram atacadas. A de Puy-en-Velay foi parcialmente incendiada esta noite.

A burguesia começa a se preocupar com as consequências para seus lucros. À medida que o Natal se aproxima, a pressão aumenta: podemos nos dar ao luxo de viver outros sábados como este? Alguns parlamentares do LREM [macronitas] já estão começando a abandonar Macron e sugerem uma moratória nos aumentos de impostos sobre a gasolina para janeiro. Nas alturas, a coisa se torna quente. O governo está mentindo cada vez mais e estará tentado a multiplicar as provocações. Nós, pelo contrário, devemos agora nos organizar para que nosso movimento não se disperse.

É por isso que propomos a todos aqueles que participam dessas mobilizações a criação de comitês em todos os lugares para debater, definir as demandas, nomear e controlar nossos porta-vozes e nos estruturar em nível departamental (região administrativa ndt,) e regional.

Tradução do espanhol para português: Lena Souza