Cenas do 1º de maio classista em São Paulo. Fotos de Wladimir Aguiar, Kit Gaion e Diego Cruz

O lema “Em defesa da aposentadoria, dos direitos sociais, sindicais e trabalhistas” norteou o 1° de maio classista em São Paulo na Praça da Sé, centro da capital paulista. Nem mesmo o sol forte diminuiu o ânimo dos ativistas presentes no protesto contra o governo Lula e as reformas neoliberais, que reuniu cerca de 3 mil pessoas. O ato ocorreu pela manhã e teve a participação de organizações e partidos reunidos no Fórum Nacional de Mobilização, como a Conlutas, Intersindical, Pastorais Sociais, organizações de luta pela moradia como o MTST, MUST, de luta pela terra, como o MLST, e diversos sindicatos, PSOL, PCB e PSTU.

O protesto teve início com uma apresentação teatral que lembrou a origem do 1º de maio, com a encenação da repressão às greves pela jornada de oito horas em 1886. Ao final da apresentação, a conclusão foi de que o 1º de maio não é motivo para festa, mas para resgatar a história de luta dos trabalhadores e alimentar com ela as novas lutas.

Falando em nome da Conlutas, José Maria de Almeida destacou a unidade das organizações que permitiu a construção do ato. “É fundamental valorizar a unidade do movimento. Vamos implementar um calendário de luta contra esse governo, esse ato deve impulsionar o ato do dia 23 de maio, vamos bloquear ruas e realizar paralisações em todo o país”, disse sob aplausos dos manifestantes. Zé Maria ainda destacou que o alvo das manifestações deve focar no governo Lula e chamou as organizações como o MST e a CSC – que ainda estão no governo – a romperem com Lula. “Não adianta criticar a equipe econômica. É o Lula que nomeia ela, é o presidente que nomeia Henrique Meireles e o Guido Mantega. A ilusão não é boa conselheira. Entender isso é fundamental para levar uma luta conseqüente até o fim”, concluiu.

Em seguida discursou Francisvaldo Mendes, representante da Intersindical. Ele denunciou a reforma previdenciária e comparou a exploração dos cortadores de cana-de-açúcar à escravidão. “Temos agora que dar uma demonstração de força no próximo dia 23”, concluiu.

Embora não tenha levado sua base ao ato, representantes do MST também falaram no palco. José Batista, da coordenação do movimento, iniciou seu discurso lembrando que o mês de abril foi marcado por lutas de diversas categorias. “Não tivemos só lutas no campo, mas também em outras categorias”, disse. Ele criticou as políticas sociais compensatórias do governo, dizendo que “elas só servem para amortecer a população”.

Batista também ressaltou a importância de realizar atos unificados no dia 23. “Queremos manifestar nosso apoio à unidade, viva a jornada do dia 23 de maio!”, concluiu.

A CSC também não levou sua base sindical para ato, mas seu representante discursou e fez uma saudação às organizações presentes.

Foi grande a presença dos sem-tetos na atividade, que vieram da ocupação João Cândido, na Zona Sul de São Paulo, e do Pinheirinho, em São José dos Campos.

Sem terras de um assentamento dirigido pelo MLST de Ribeirão Preto também estiveram presentes. Marcos Praxedes, da coordenação do movimento, denunciou a morte de mais um cortador de cana em Ribeirão Preto e disse: “esse sim é um dos nossos heróis e mártires, e não os usineiros de Lula”.

Também estiveram presentes os metroviários que foram recentemente demitidos pelo governo Serra, após uma paralisação contra a Super Receita, no ultimo dia 23.

Os manifestantes seguiram em passeada da Praça da Sé até o Viaduto do Chá, por volta das 13h20, gritando palavras de ordem como “Oh, Lula, que traição, essa reforma é coisa de patrão“ ou “Vamos ver, vamos ver, quem decide salário é o trabalhador unido ou o fundo monetário?“.