Trabalhadores dos Correios de várias partes do país estão parados há 15 dias contra o ataque ao plano de saúde

Trabalhadores dos Correios de várias partes do país cruzaram os braços no último dia 30. Eles denunciam o ataque da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) ao plano de saúde da categoria. Apesar do boicote da CUT e da CTB, 15 sindicatos aprovaram a paralisação para barrar uma medida do governo que, na prática, terceiriza o plano de saúde dos funcionários da estatal. O Portal do PSTU conversou com Geraldo Rodrigues, o Geradinho, funcionário dos Correios e membro da Coordenação Estadual da CSP-Conlutas de São Paulo.

Portal do PSTU – Por que os funcionários dos Correios de vários estados decidiram entrar em greve?
Geraldinho
– A greve começou por conta da tentativa da empresa de impor um plano de saúde que, em nossa visão, significa a terceirização de nosso plano. Hoje, contamos com o Correio Saúde, que foi uma importante conquista de nossas lutas lá na década de 1980. O governo quer impor para nós o que já vem fazendo em várias estatais, que é substituir um plano que hoje é administrado pela empresa por outro, terceirizado. Assim, de administradora, passaria a co-patrocinadora do plano, que no caso é a Postal Saúde. No ano passado fizemos uma forte greve contra o Postal Saúde, que durou quase um mês. Essa é uma política para o governo desmontar o nosso plano e, futuramente, incluir a cobrança de mensalidades, precarizar os serviços, e toda sorte de medidas para cortar custos em troca de nossos direitos.

E como está ocorrendo isso?
Então, durante as negociações das cláusulas do acordo coletivo no ano passado, ficou decidido que a empresa não poderia alterar o nosso plano sem discutir numa comissão paritária. Isso era a cláusula 11. Bom, no primeiro dia do ano começaram a enviar cartas aos funcionários informando que, a partir do dia 13, o novo plano seria implementando, e os trabalhadores começaram já a receber o cartão magnético do Postal Saúde. Quer dizer, ela está descumprindo o próprio acordo que fez no ano passado. A justiça ia realizar uma audiência no último dia 31 sobre uma ação movida pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) contra o plano, mas ela foi desmarcada pela quinta vez. Diante disso, a categoria ficou indignada e resolveu partir para a greve. São já 15 sindicatos que aprovaram a greve, que só não é maior por conta do boicote da CUT e da CTB, que dirigem os maiores sindicatos como Rio e São Paulo. Em alguns lugares, como na Bahia, os trabalhadores passaram por cima da direção do sindicato e aprovaram greve. Mas, infelizmente, a CUT conseguiu acabar com ela no último dia 12. Mas a disposição dos funcionários de forma geral é de greve e muita indignação.

Como a direção da empresa e o governo vem tratando a greve e as reivindicações dos trabalhadores?
A empresa não negocia e se mantém intransigente. Entrou na Justiça para obrigar a manutenção de 80% dos trabalhadores em serviço e o corte no ponto dos grevistas, mas não conseguiu. A empresa garantiu só 40% dos funcionários e não deu o corte nos pontos. Na Bahia, a empresa cortou o ticket, vale-alimentação e vários direitos dos funcionários que pararam. A ex-ministra da Casa Civil, que agora está no Senado, Gleisi Hoffman, durante uma aula magna numa universidade no Paraná, foi questionada sobre o plano de saúde dos Correios e disse, com a maior cara de pau, que o governo estava, na verdade, “estatizando” o nosso plano de saúde para o SUS! Que o governo não poderia se dar ao “luxo” de gastar tanto dinheiro só com uma categoria.

Quais os próximos passos?
A empresa entrou com dissídio na Justiça e a questão agora vai a julgamento. Mas não podemos deixar nas mãos da Justiça, temos que fortalecer nossa greve contra esse ataque. É preciso que os sindicatos da CUT e da CTB parem com esse boicote e se juntem a essa luta.